quarta-feira, 27 de julho de 2022

O defunto que não morreu

         

     Filho de uma professora universitária e um empresário da indústria de alimentos, ambos aposentados, Rogério é um rapaz muito inquieto e divertido. Trabalhava juntamente com o irmão e um amigo na empresa do pai. O trabalho começava na madrugada, por volta das 4 horas, e findava por volta das 7, e quando terminava ele ia para a escola, pois ainda estudava o chamado segundo grau. O seu irmão Tadeu era companheiro de trabalho e aventuras. Tadeu era mais acomodado, mas Rogério se divertia pregando peças nos parentes e amigos. Ele sempre se virou. Sempre procurou alguma coisa pra fazer que pudesse ganhar alguns trocados. Porém, entre um “trampo” e outro se divertia “aprontando”.

         Certo dia, quando passava férias com os tios, que moravam em um condomínio, o tio o viu reunido com alguns amigos na porta de um dos prédios. O tio se aproximou e perguntou o que estava acontecendo. Ficou sabendo que naquele prédio morava uma moça no terceiro andar que não sabia namorar calada. A turma estava ali reunida aguardando o “show” começar. E realmente o “show” começou e cada um dos rapazes começou a correr para um ponto escuro do condomínio.

         Tadeu certa feita botou um bar. Rogério costumava frequentar com os amigos. Certo dia, estava um paradeiro no bar e ele combinou com o irmão de pregar uma peça nos amigos. Pegou um sonrisal e colocou na boca, quando começou a espumar ele se jogou no chão e o irmão começou a gritar, acudam, meu irmão está tendo um ataque! Foi um alvoroço! Todo mundo correndo pra socorrer, o bar que estava vazio, encheu, e no auge da confusão ele levantou-se, cuspiu o sonrisal e começou a gargalhar. Só não apanhou porque todos gostam dele.

         Rogério era tão “encapetado” quando era criança que vivia correndo em cima dos muros da vizinhança. Certo dia, ele achou de correr em um muro de uma pocilga. Naquela brincadeira acabou caindo dentro da pocilga se ralando todo. Quando chegou em casa chorando, ao ver a cena, a mãe lavou a sujeira e depois jogou um frasco de mertiolate nos ferimentos, sem dó nem piedade. Acredita-se, que por causa dessa “perversidade”, é que nenhuma ferida infeccionou. Nesses casos o remédio é o melhor castigo.

         Nessa linha de pregar peças nos amigos, ele quis aprontar uma com o próprio irmão. Os dois dormiam no local de trabalho. Rogério à noite chegou mais cedo. Tadeu ainda estava na rua. Rogério então pegou um pote de ketchup e lambuzou o peito e uma faca. Deitou-se no chão, em frente a porta, com a faca em cima do peito. Só que ele se esqueceu que tinha um amigo, quase irmão, que também dormia no local e foi quem primeiro chegou. Ao ver Rogério “ensanguentado” se desesperou e saiu gritando pela rua, pedindo socorro. Quando Rogério percebeu, levantou e saiu dando risada. E assim quem quase morria de verdade foi o seu amigo. Tadeu quando chegou e viu o que estava acontecendo ficou tão furioso, que Rogério, com medo, pegou um colchonete, colocou embaixo do braço e foi dormir na casa dos pais.  

        

Um comentário:

Anônimo disse...

Pura verdade