quarta-feira, 13 de julho de 2022

Eu falo, tu falas, mas... quem entende?

    Falamos a língua portuguesa. Falamos? Eu diria que, quando muito, falamos um idioma com base na língua portuguesa. São tantas as mudanças sofridas pelo nosso idioma original, desde que por aqui desembarcaram os primeiros europeus (portugueses, holandeses, italianos, e até mesmo africanos e asiáticos), que hoje eu diria que nossa língua é mesmo a Brasileira. É meu amigo. Ao miscigenar as raças, miscigenamos também as palavras, e assim criamos o idioma brasileiro. Mas não foi só por causa do amalgama das palavras, mas, também, por causa de algo que eu abomino que é o tal do Neologismo. Essa invenção dos “especialistas” transforma gírias em vocábulos normais de uma língua. E por causa disso a cada dia aumenta o número de sinônimos nos nossos dicionários.

         Se pegarmos um dicionário impresso da língua brasileira e colocarmos lado a lado com um da língua inglesa, por exemplo, este último será bem mais fino, porque não há muitos sinônimos na língua inglesa, na qual um vocábulo tem muitos significados e, por isso só será defino o seu significado de acordo com o contexto da frase. Por exemplo, a palavra Get. Na língua inglesa, tem muitos significados, mas só se saberá o que ela significa, quando for usada, em acordo com o contexto de toda a frase. Sacaram a riqueza da língua? Certa vez eu li uma matéria falando sobre girias em que o autor se reportava a uma conversa que teve com jovens de uma favela sobre o aumento da dificuldade de se viver ali devido ao aumento da bandidagem. E em determinado momento o rapaz disse: A vida aqui “pedrerou”. Queria dizer ele com isso que a vida havia endurecido, tal como pedra. Já pensou se essa gíria entra para o nosso dicionário como vocábulo normal?

         Creio que foi lá pelos anos 80 que começaram a usar o termo “Prefeiturável”, para se referir a possível candidato a prefeito. Quando ouvi, doeu no meu ouvido e o sinal de alerta tocou na minha mente. E raciocinei. Prefeituravel pode se dizer de algo (não alguém) que se pode fazer de Prefeitura. Para alguém que se pretende fazer prefeito, mesmo sendo uma palavra nova, teria que ser, logicamente, “Prefeitável”. Tive um debate familiar neste sentido, e uma cunhada argumentou que estava certo porque era um “neologismo”. Como sempre eu perdi a discussão, quando todos os demais a aplaudiram, e como o burrinho da classe eu me recolhi à minha insignificância, mas mntive a minha opinião, embora o termo se tornasse usual em jornais e revistas, onde militam os gênios do jornalismo brasileiro.

         Mas, estávamos eu e o professor e poeta Roberval Pereyr esperando à borda de um campo de futebol pela nossa vez de entrar no “baba”, quano aconteceu um diálogo entre dois jogadores que nos fez rir muito. É comunm em jogos de futebol dizer-se que um defensor fraco é “ourives”, ou “entregador de ouro”. Um defensor falhou lá nma jogada, e um amigo dele que também estava do lado de fora, esperando a vez de entrar, gritou: “Sai daí ouvires”! E ouviu do amigo: “Ourive é tu que tá ispianno”. A gente começou a rir e Roberval comentou: “Se falar isso rápido parece até uma língua estrangeira”.

         Experimente e veja se não é. Essa é a nossa velha e boa Língua Brasileira.

        

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