A casa da estudante Isadora
Faber, 13 anos, no bairro do Santinho, região norte de Florianópolis, foi
apedrejada na segunda-feira passada (5), segundo a própria relatou na
comunidade “Diário de Classe”, no Facebook.

Faber ficou conhecida por
denunciar na comunidade do Facebook o sucateamento do colégio público em que
estuda, a Escola Básica Municipal Maria Tomázia Coelho. Depois das denúncias, a
garota contou que recebeu ameaças. A menina que arregimentou mais de 340 mil seguidores com uma
página em que denuncia os problemas da escola pública em que estuda, e mesmo
depois da fama não pensou em parar. Pelo menos enquanto não muda para um
colégio privado na cidade, para onde os pais pretendem mandá-la no ensino
médio.
O “Diário de Classe” começou a
ser publicado em 11 de julho. Bombou em agosto. A menina não parece ter noção
de sua fama, nem pisca quando alguém menciona os números do Facebook ou a
repercussão na mídia. Ficou assustada com a pressão? “Não”. Pensou em
parar de postar críticas na rede social? “Nunca”. Respostas curtinhas, Isa não
é mesmo de muitas palavras. A caçula-celebridade-problema tem dois lados, um
deles “é de poucas palavras” e o outro “é de dedos afiados”, explica a irmã
Eduarda.
Ela diz gostar da escola. Isto
porque “é a única que conheço desde a primeira série”, diz. Isa faz o ensino
fundamental na escola pública, mas deve fazer o ensino médio em escola
particular. Mesmo caminho feito pela irmã Eduarda, que hoje estuda no Energia,
uma das escolas mais caras da cidade.
Responsabilidade
A rotina escolar da garota não
mudou apesar da fama. Ela continua despertando sozinha pelo seu smartphone, o
mesmo que usa para fotos do Facebook. Enquanto se ajeita pra escola, a mãe
dorme numa boa: “O horário é responsabilidade dela, tem que ser independente”,
ensina Mel.
A menina “às vezes” toma um
copo de leite e sempre caminha os 700 metros até a escola, mesmo com chuva:
“Minha mãe nunca me leva”, resmunga, apontando com nariz para o Mercedes-Benz
de Mel, no pátio. A mãe se defende dizendo que “desde que começou o rolo” vai
caminhando com a filha até a escola, “só por precaução”. A
agenda dela a curto prazo inclui viagens para Bahia, Pernambuco e São Paulo, mas
os pais, superprotetores, fazem de tudo para não alterar
a rotina escolar.
Depois de seu exemplo, estudantes por todo o Brasil
criaram também seus diários de classe. Isadora acompanha as iniciativas e dá um
conselho sério para quem quiser fazer denúncias contra outras escolas: “Tem que
ter certeza do que está escrevendo e usar fotos para comprovar”. Ela vê
seu Diário como jornalismo e diz que quando crescer vai seguir a carreira.
Comentários
O “Diário de Classe” tem muito
seguidores e recebe muitos comentários como este de Guilherme Schultz:
“Pois é. Mais um dia triste. Parece
que estamos criando uma nova forma de censura. Vivemos num país que não se pode
escrever biografias, o humor não pode rir da realidade e da sociedade, censura
prévia de jornais, filmes são censurados por tratar de religião. É triste
quando os valores mais simples e democráticos são esquecidos. Essa pequena é um
exemplo e está sofrendo como gente grande. É admirável ver a luta dela dia a
dia. Quero lembrar as palavras de Voltaire: ’Eu desaprovo o que dizes, mas
defenderei até a morte o seu direito de dizê-lo’. É uma vergonha ver que nosso país que tanto
lutou pela democracia, hoje flerta com outro tipo de autoritarismo”.
Fonte: UOL
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