A casa da estudante Isadora
Faber, 13 anos, no bairro do Santinho, região norte de Florianópolis, foi
apedrejada na segunda-feira passada (5), segundo a própria relatou na
comunidade “Diário de Classe”, no Facebook.
“Ontem à noite, teve uma chuva de pedras em casa. Uma
delas atingiu minha vó de 65 anos que sofre de uma doença degenerativa. Incrível
como tem gente ignorante, gente que não tem mínimo de decência. Alguns coitados
pensam que são donos de tudo e da verdade, pensam que podem nos intimidar, mas
não vão conseguir”, escreveu a adolescente.
Faber ficou conhecida por
denunciar na comunidade do Facebook o sucateamento do colégio público em que
estuda. Depois das denúncias, a garota recebeu ameaças. Ela arregimentou mais de 340 mil
seguidores na página em que denuncia os problemas da escola, e mesmo depois da
fama não pensou em parar.
Depois de seu exemplo, estudantes por todo o Brasil
criaram também seus diários de classe. Isadora acompanha as iniciativas e dá um
conselho sério para quem quiser fazer denúncias contra outras escolas: “Tem que
ter certeza do que está escrevendo e usar fotos para comprovar”.
Quem
são os inimigos de Isadora? Por que tanto ódio contra ela? Os colegas e os pais
deles, certamente não deveriam ser. Afinal, Isadora está exercendo a sua
cidadania, denunciando o desmando e o descaso para com a Educação e o dinheiro
público, este último, oriundo dos bolsos dos pais de Isadora e seus colegas,
através dos impostos que pagam.
Mas o
ódio contra Isadora vem justamente destes. Dos pais dos seus colegas, porque
são coniventes com o governo e querem acobertar seus erros. Dos dirigentes das
escolas, porque tiveram suas incompetências e conivências expostas. E dos seus
colegas, por pura inveja, porque ela é inteligente, corajosa e estudiosa, bem
ao contrário do padrão da maioria dos estudantes dos dias de hoje, mais
preocupados em descobrir quem matou Max do que denunciar bandidos, ladrões e
corruptos que assolam os poderes públicos.
E o
pior é que tudo isto está acontecendo com o silencio cúmplice das instituições
que deveriam defender os valores cidadãos da sociedade, como a OAB e a
Maçonaria. Não falo da União Nacional dos Estudantes porque esta foi assimilada
pelo poder desde que o PT assumiu o comando do Brasil. Da antiga e combativa
entidade estudantil, nada restou.
Mas o
“Diário de Classe” tem muitos seguidores e recebe muitos comentários como este:
“Vivemos num país onde não se pode escrever biografias, o humor não pode rir da
realidade e da sociedade, censura prévia de jornais e filmes. É triste quando
os valores mais simples e democráticos são esquecidos. É uma vergonha ver que
nosso país que tanto lutou pela democracia, hoje flerta com outro tipo de
autoritarismo”.
Aproveitemos, pois, para
escrever o nosso “Diário de Classe”, enquanto temos a internet para levar a
nossa voz ao mundo, antes que ela também seja censurada, cooptada ou calada,
como está acontecendo com a Imprensa brasileira.
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