quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Abajo la puerra toda



         O título deste artigo faz uma alusão a um cartum do humorista Lage, já falecido, e denota o grau de insatisfação de um povo quando perde a confiança na democracia, na independência dos poderes e na honestidade e caráter das autoridades constituídas. Os números das recentes eleições municipais demonstram que o povo brasileiro marcha nesta direção. Para começar, a abstenção dos eleitores beirou à preocupante casa dos 20%.
           Além disso, há uma grita geral pelo fim da obrigatoriedade do voto, um resquício da ditadura militar. É claro que em não votando, o eleitor fica à margem do processo de escolha dos governantes e perde o direito de protestar quando os eleitos cometem erros. Mas, em quem votar? As pessoas já não escolhem mais o melhor candidato, mas sim o menos ruim.
         O fenômeno da abstenção alta não é novo. E desde que começou a incomodar, os políticos, como sempre, deram um jeitinho de resolver o problema bem ao modo deles, aumentando o contingente de eleitores. Foi dado direito de voto aos analfabetos. E, depois, aos menores de 16 anos, o que gera até hoje uma discussão sobre a maioridade. Os que defendem a redução para 16 anos argumentam, com razão, que se estão aptos a escolher governantes, podem também responder por seus atos como adultos, e passarem a ser enquadrados no código penal, entre outras coisas.
         Afora esta questão, há o fato de que a população, mesmo os analfabetos e ignorantes, já começam a entender o mecanismo político e não estão se deixando enganar tão facilmente. Os caciques do PT, por exemplo, alardeiam que o partido aumentou o número de prefeituras conquistadas, inclusive, com seu cacique maior, o ex-presidente Lula, elegendo alguns “postes”, a exemplo de Haddad, em São Paulo.
         Mas se aumentou a quantidade, perdeu em qualidade, pois o partido conquistou apenas quatro das 27 capitais brasileiras. Perdeu, inclusive, cidades importantes de São Paulo, seu reduto original. O discurso de que “se o PT deixar o poder vai acabar o programa “Bolsa Família” já na faz efeito. O povo entendeu que seja lá quem for que esteja no poder, a esmola oficial não será retirada, porque é cavalo de batalha dos bons para qualquer político. Assim sendo, elegem-se aqueles que prometem e cumprem, não mentem, roubam, mas trabalham.
         Aqui na Bahia, o PT perdeu em dois dos três maiores colégios eleitorais. Acreditam seus dirigentes que perderam para um inimigo tido havido como morto e enterrado, o “Carlismo”. Mas se enganam. Perderam para a incompetência administrativa dos seus quadros, que governam com promessas, mentiras e propaganda enganosa.
         Diante destes fatos, creio que uma nova ordem político/eleitoral está se estabelecendo, emanada do seio do povo, à revelia das maquinações dos políticos de carreira, que na incipiente democracia brasileira ainda não compreendem e nem sabem lidar com o poder.

Um comentário:

Jeferson Cardoso disse...

Oi Maura!
Também achei a abstenção muito alta considerando que no Brasil o voto é obrigatório. Porém, com o seu modo pacífico de ser, o brasileiro deu ‘aquele jeitinho’ de mostrar que não está satisfeito.
Prazer estar aqui! Com tempo, venha ler e comentar MUY AMIGO SECRETO no http://jefhcardoso.blogspot.com
Caso goste do texto e do blog conto com seu voto na 2ª fase do Top Blog 2012, obrigado.