Os casos de Síndrome
Respiratória Aguda Grave (SRAG) em todo Brasil mantiveram a tendência de
crescimento entre 5 e 11 de abril, conforme vinha sendo observado no
período anterior. Apesar disso, a taxa de crescimento foi em ritmo mais
lento do que o registrado em março.
De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz
(Fiocruz), o relatório semanal do sistema InfoGripe (semana
epidemiológica 15) indica ainda que todas as regiões do país seguem na
zona de risco e com atividade semanal muito alta para a síndrome,
inclusive, com predominância do novo coronavírus entre os casos que já
tiveram resultado laboratorial positivo.
O InfoGripe passou a incluir, a partir da
semana epidemiológica 15, casos de SRAG por covid-19 e óbitos de SRAG
por covid-19. O sistema é uma parceria entre pesquisadores do Programa
de Computação Científica da Fundação Oswaldo Cruz (Procc/Fiocruz), da
Escola de Matemática Aplicada (EMAp), da Fundação Getulio Vargas (FGV) e
do GT-Influenza da Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da
Saúde (GT-Influenza/SVS/MS).
Apesar da desaceleração observada, o
coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes, chamou a atenção para a
importância de se ter cautela na interpretação de dados muito recentes.
“O volume de hospitalizações por SRAG
permanece extremamente elevado, muito acima do esperado e muito acima de
anos anteriores em todas as regiões. Por outro lado, embora esses
números continuem subindo, se confirmou a desaceleração apontada na
semana anterior”, alertou.
Segundo Gomes, embora pareça haver uma
diminuição na mediana de casos, ainda é cedo para afirmar que ela
realmente ocorreu. “A dificuldade de digitação e a data dos primeiros
sintomas até tem se mostrado importante para a dificuldade de análises
mais concretas em relação às últimas semanas [14 e 15]. Basta olhar o
intervalo de confiança, que está muito grande. Ainda é cedo para falar
em decréscimo”, apontou.
A Fiocruz informou que a metodologia do
sistema utiliza estimativas para completar os dados mais recentes. “O
modelo estatístico desenvolvido pela equipe foi publicado na
revista Statistics in Medicine e utiliza o padrão de atraso entre
primeiros sintomas e data de digitação para estimar os casos que ainda
não foram digitados”.
Síndrome
Os sintomas da Síndrome Respiratória Aguda
Grave são febre, tosse ou dor de garganta e dificuldade de respirar. A
hospitalização ou óbito por SRAG têm notificação obrigatória, que deve
ser feita pelas unidades de saúde que identificam um paciente que se
enquadre nos seus critérios. Os dados são reunidos em sistema nacional
pelo Ministério da Saúde e repassados ao InfoGripe uma vez por semana.
“Historicamente, apenas as unidades do SUS
faziam essa notificação, com apenas algumas unidades privadas também
notificando. Agora, com a emergência em saúde, mais unidades privadas
passaram a notificar”, afirmou o coordenador.
Gomes acrescentou que o tempo de inclusão
dos dados no sistema pode variar muito entre os estados, pois depende da
infraestrutura de equipes responsáveis pela digitação nas unidades de
saúde, secretarias municipais e estaduais de saúde. “Em alguns locais
pode levar mais de um mês para que o caso seja digitado,”, observou.
Casos
No ano, até o dia 11 de abril, foram
registrados 32.360 casos da SRAG. Desse total, 7.175 tiveram resultado
laboratorial positivo para algum vírus respiratório, sendo que 70% eram
relativos ao novo coronavírus. Outros 9.627 exames tiveram resultados
negativos e cerca de 16.790 ainda aguardam resultado.
Isolamento
Gomes destacou ainda que a persistência do
crescimento de casos e a prevalência da covid-19 entre os confirmados
são sinais de alerta para os pesquisadores, que recomendam a manutenção
do isolamento social.
“A desaceleração serve como motivo de
alegria e motivação para continuarmos, pois isso é sinal que o
isolamento está funcionando, mas ainda não podemos relaxar. O isolamento
é fundamental para evitar demanda hospitalar acima da capacidade de
atendimento”, indicou.
Dados abertos
A base de dados do InfoGripe está
à disposição, em formato aberto, para que gestores públicos e outros
grupos de pesquisa façam análises. O conjunto de dados semanais é
apresentado, em tabelas, por faixa etária, sexo, localidade e região.
Também é possível ter acesso a dados por resultados de teste (positivo,
negativo ou em análise) e por principais vírus causadores.
Para o coordenador, o uso desssas
informações por gestores públicos da área da saúde e administração pode
auxiliar a tomada de decisão. Além disto, população e imprensa também
poderão ter acesso aos dados.
“A ideia de acesso aberto é algo que sempre
foi priorizado, desde o início do desenvolvimento da ferramenta
InfoGripe. Este formato em arquivo vem facilitar o uso por mais pessoas.
Esperamos, com isto, contribuir para a ciência aberta, sempre
respeitando a privacidade dos dados”, disse Gomes.
InfoGripe
O InfoGripe monitora e apresenta níveis de
alerta para os casos registrados de Síndrome Respiratória Aguda Grave
(SRAG) no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). Os
dados são apresentados por estado e por regiões de vigilância para
síndromes gripais. (Agência Brasil)
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