
2- Moro foi o brasileiro que mudou o paradigma de combate a corrupção,
prendendo políticos e empresários saqueadores, verdadeiros predadores do
futuro e dos recursos públicos. Esse mérito não pode ser reduzido, nem
apagado
3- Bolsonaro prometeu carta branca ao Ministro. Esse é um
erro que nenhum administrador experiente comete. Ao fazer isso,
tirando o juiz de sua carreira, tinha de honrar o prometido.
4-
Bolsonaro frequentemente deixou de apoiar o ex-Ministro, em suas
iniciativas; em compensação, o ex-Ministro nunca defendeu
verdadeiramente as posições do governo.
5- Bolsonaro tem o
direito legal de nomear o diretor- geral, da PF, fato indiscutível; mas
querer nomear como interferência política, ou para ter acesso a informes
da PF, como ele mesmo diz, é inaceitável, inadmissível, porque a PF não
é uma Polícia pessoal. Bolsonaro, como em outras ocasiões, não consegue
separar o Estado dele mesmo. Não foi a toa que disse que ele “era a
Constituição”
6- Ameaçado pelos processos da fake-news, no STF, e
com deputados da base investigados pela PF por alimentar protestos
contra o STF, e investigações sobre seu filho, Bolsonaro colocou uma
urgência de mudança em um momento profundamente inadequado e por
objetivo nada republicano.
7- Bolsonaro tem todo direito de não
gostar da performance de um Ministro e o demitir. É um direito
presidencial. O problema, nesse caso, é o motivo pelo qual não gostou. A
sua boa frase “o senhor tem uma biografia a zelar, eu tenho um país a
zelar”, se perde na motivação
8- Pelos fatos publicados, Moro,
tentou negociar troca por outro delegado independente, mas Bolsonaro
queria controle da PF. Ele se tornaria um fantoche. Desse modo, Moro
fez certo e teve grandeza ao pedir para sair. Cresceu.
9-
Bolsonaro errou ao publicar a exoneração com assinatura de Moro, o que
não existiu e foi retificado em outra edição do DO. Moro errou ao dizer
que Lula e Dilma não interferiam na PF. Basta consultar os jornais para
ver que é mentira ( FSP 9 e 11/9/2007 )
10- Moro, no entanto,
cometeu sérios erros na saída. O primeiro foi demitir-se na coletiva,
antes de entregar a carta ao Presidente, usando a estrutura do Estado e
vazando sua retirada para a imprensa.
11- o segundo, fatal, e
revelador erro de Moro, foi o vazamento de mensagens da deputada
Zambeli, de quem foi padrinho de casamento. A deputada, pelo que lemos,
em nenhum momento tentou barganhar com Moro, ao contrário, estava
fazendo um esforço de mediação, demonstrado a importância de Moro,
dizendo que o ajudaria a chegar ao STF. Não fez absolutamente nada,
nada, nada, de ilegal. A frase do Ministro “não estou a venda, prezada”,
soa agressiva, talvez, planejada, porque a deputada em nenhum momento
deu esse tom. Foi desnecessário. O juiz, foi desleal ao sequer falar
com a deputada que precisaria usar a mensagem,e publicar uma conversa
pessoal. Mostrou que não é confiável, desse ponto de vista. Não
precisava, pois, o Brasil sabe que é um xiita da honestidade. Deixou o
ego vencer e reduziu o tamanho que tinha crescido. Caso tenha um mínimo
de juízo pediria desculpas a deputada.
12- Foi um episódio ruim
para ambos, ruim para o Brasil, ruim para o momento. E suas
conseqüências, impeachment - que não creio, pois, Bolsonaro já acenou ao
pior da política, contou com silêncio de Maia que adora um presidente
fraco, foi arduamente defendido por Roberto Jefferson, e Lula já disse
que é preciso cuidado com essa ideia-, piora da economia, ou ascensão de
volta ao poder do que gostaríamos de afastar, será um preço caro por
essa cisão. E será um legado de ambos.
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