domingo, 13 de setembro de 2020

Aniversário da Princesa


Prosseguindo com nossas publicações para comemorar o aniversário de Feira de Santana, que acontece no próximo dia 18, hoje vamos falar de música ou melhor músicos. A cidade Princesa já teve muitos grupos, ou melhor, conjuntos musicais que não só faziam os bailes juvenis como acompanhavam grandes artistas da música brasileira em shows  nos clubes sociais.

Jovens tardes nos domingos da Princesa

         Na década de 50 os jovens feirenses se divertiam em festas surpresas chamadas, “assustados”, quando amigos se reuniam de surpresa (nem tanta “surpresa” assim), para ouvir música, cantar, dançar e beber, nos finais de semana e ocasiões especiais. E havia grupos musicais, como “Os Divinais” (Dida, Missinho e Titan), e mais uma infinidade de seresteiros, que só com um violão animavam os ambientes. Na década de 60 começaram a surgir os grupos inspirados no sucesso dos Beatles e no movimento liderado por Roberto Carlos, a “Jovem Guarda”, que animavam não só as festas particulares como também os bailes e boates dos clubes. E foram muitos: The Angels, The Bat Boys, The Feira Boys. No final da década, The Feiran Boys, passou a se chamar Os Leopardos, surgiram Israelstones, Os Trogloditas, e tantos outros.

         Foi a “Era de Ouro” dos bailinhos juvenis. E havia espaço pra todo mundo, porque colégios começaram a fazer bailes regularmente nas tardes de domingo, havia boate “Do Guaraná, nos clubes, nas tardes de domingo, e as festas noturnas, todas sempre animadas por algum grupo local, e uma atração de nível nacional.

A maioria dos grandes artistas da música Brasileira passou pelos clubes de Feira de Santana, e isso durou até a decadência dos clubes socais, quando começou a era dos mega eventos em casas de shows que traziam até atrações internacionais. No cenário que perdurou até o início dos anos 80, dois grupos se destacaram e permaneceram em atividade por mais tempo. Os Leopardos, por exemplo, só se desfizeram, no início dos anos 80. Foi o último grande grupo da “Era de Ouro” dos bailinhos das jovens tardes de domingo na Princesa do Sertão.

Os Trogloditas

Em 1965, seis amigos que tocavam instrumentos em festinhas particulares se reuniram e fundaram a banda Os Trogloditas, com a seguinte formação: Naron Vasconcelos, sax; Rui, guitarra solo; Ivan Dórea, guitarra base; Wilson, contrabaixo; Zé Madorna, bateria e Pedro, becking vocal. Nos 13 anos de existência (1965/1978) aconteceram poucas mudanças na formação original. Entraram Marcelo Melo e Beto Pitombo. Naron Vasconcelos, sax; Rui, guitarra solo; Ivan Dórea, guitarra base; Wilson, contrabaixo; Zé

Madorna, bateria e Pedro, becking vocal. Com 13 anos de existência (1965/1978) aconteceram poucas mudanças na formação original. Entraram Marcelo Melo e Beto Pitombo. A banda surgiu, na Rua da Aurora, no auge da Tropicália.

“A influência dos Beatles, que tocavam no The Cavern Club, inspirou o nome do grupo. Mas, para não acompanhar o modismo da época, ondo o nome dos conjuntos eram sempre em inglês, sempre com “THE” alguma coisa, optamos por um título na nossa língua. E surgiu “Os Trogloditas”, homens das cavernas, que, não por acaso, veio a ser o nome da nossa boate”, revela Naron Vasconcelos, saxofonista do grupo.

A banda tocava em várias festas pela cidade, e tinha participação especial na Festa das Debutantes, evento muito badalado, promovido pelo colunista social, Eme Portugal, e era precedido pela realização de uma missa na Igreja da Matriz. A banda foi levada a tocar na missa, o que causou muita polemica. “Após a inauguração da boate do Clube de Campo Cajueiro, fomos contratados, juntamente com o cantor Antônio Moreira e a cantora Maria Luíza como participação especial, todos os sábados”, diz Naron Vasconcelos. A boate estava sempre lotada, mas, com o advento da música mecânica das “Discotheques”, o clube encerrou o contrato com Os Trogloditas, que passaram a tocar no clube apenas em festas especiais como Réveillons  ou quando trazia alguma atração nacional, onde o artista contratado quase sempre não trazia músicos e eram acompanhados por grupos locais.

Diante disso, o grupo montou a Boate Caverna, que funcionou inicialmente próxima ao Feira Tênis Clube. O Empresário Modezil Cerqueira era cliente assíduo da boate propôs sociedade, alugando um imóvel na Avenida Maria Quitéria, onde funcionava o BNB Clube, e ali montou a boate, com um restaurante anexo. Com a boate do Cajueiro tocando Discotheque, a antiga clientela mudou-se para a Boate Caverna, e o grupo passou a investir mais, comprando equipamentos modernos e iluminação com luz negra e luz estroboscópica. A partir de então, vinha gente até de Salvador para curtir as noites de sábado na Caverna. “Tinha gente que comprava roupas cujas cores realçavam na luz negra, só para ir para a boate”, lembra Naron.

“Perdemos o nosso ‘Bonde da História’, melhor momento, quando fomos convidados, pelo produtor musical da Philips Fernando Santana para participar do show de despedida de Caetano e Gil, no Teatro  Castro Alves fato que não  ocorreu por conta da urgência para uma resposta nossa. Todos nós tínhamos trabalho certo, não vivíamos de música, e isso inviabilizou a nossa ida. Como consolação, fomos convidados a participar do show com Tom Zé, no Teatro Vila Velha, como também participamos de festival  de música no Teatro Castro Alves, defendo a música Quo Vadis composição  de Antônio Miranda, ficando em terceiro lugar”, revelou Naron Vasconcelos. Os Trogloditas gravaram um disco, onde a música Quo Vadis é uma das faixas, e que foi relançado em CD, numa iniciativa da Fundação Senhor dos Passos.

Os Leopardos

       


Eram, sem dúvida, um dos melhores e mais requisitados grupos musicais de Feira de Santana para tocar em bailinhos. Ultrapassaram, inclusive, as fronteiras da cidade e tocaram em outras cidades baianas. O empresário Manuel Campos fundou um grupo musical com o Nome de The Feran Boys. Mas como, apesar de ter bons músicos, não deslanchava, quando conheceu, pouco tempo depois, o músico mairiense, Zé Trindade, convidou este para coordenar os trabalhos, já que ele era professor de música, formado pela universidade de Ipuarana, na Paraíba. “Quando eu cheguei lá, a turma estava ensaiando há um mês pra tocar o Tema de Lara, e não se acertava. Mudei alguns comportamentos, inclusive proibi a presença de fãs nos ensaios, e cobrei responsabilidade profissional. No baile seguinte eles já tocavam a música”. Lembra Zé Trindade, que também foi quem mudou o nome do grupo para Os Leopardos, uma sugestão do baterista Arlindo.

         Algumas peças também foram sendo trocadas, e o grupo ganhou notoriedade tocando no bar Roda Viva, que funcionava no coreto da praça Bernardino Bahia, com a seguinte formação: Luiz e Caguto, guitarristas; Edinho, contrabaixo; Arlindo, baterista; Zé Trindade, teclado; Romulo, cantor. Quando o presidente do Feira Tênis Clube, Adessil Guimarães, ouviu o grupo tocando no Roda Viva, fez uma proposta e o contratou para tocar na boate do clube aos sábados à noite. Além de tocar para dançar, o grupo muitas vezes teve que acompanhar artistas nacionais que eram contratados pelo clube para shows, mas não traziam seus músicos. Tocaram para Jerry Adriani, Wanderlei Cardoso, Martinho da Vila, Eduardo Araújo, The Golden Boys e mais uma infinidade de famosos.

O grupo renovou sua formação muitas vezes, ficaram famosos cantores como Zé Carlos, que foi para o Rio de Janeiro, e Expedito, que até hoje é chamado pelo apelido de “Dito Leopardo”.

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