Prosseguindo as publicações em comemoração ao aniversário da cidade, que ocorre no próximo dia 18, vamos falar de um homem à frente do seu tempo, que inseriu Feira de Santana na modernidade no que tange a arquitetura, Amélio Amorim, e sua parceira Irma Amorim, também reconhecida pelas suas artes. Há quem diga que Amélio expressava em suas obras a poesia de Irma, e vice versa.
Amélio Amorim: pioneiro do modernismo na cidade
Filho do casal
João Amorim e Maria Otília Teixeira de Amorim, Amélio nasceu em 21 de abril de
1929, na cidade de Coração de Maria. Desde a infância, revelou-se um desenhista
talentoso. Das mãos hábeis e visionárias do jovem arquiteto, nasceram projetos
inusitados, revolucionários, como a casa suspensa, localizada na Avenida
Getúlio Vargas, construída em plano elevado, sobre pilares que a mantém
distante do solo. Símbolo de arrojo e genialidade, o nome de Amélio Amorim
ficou conhecido em todo o país. O arquiteto realizou importantes projetos em
várias cidades brasileiras, como é o caso das 400 casas que planejou para a
cidade de Ilha Bela, no litoral paulista.
Também é de sua autoria uma imponente residência situada em Londrina, no Paraná, famosa pelo belo painel que ornamenta a sua fachada. Amélio Amorim iniciou a sua carreira em 1956, com a concepção da Galeria Caribé, localizada na Praça da Bandeira. Depois ainda chamaram a atenção os projetos da residência de Francisco Fraga Maia, primeira casa que projeta na cidade. O prédio comercial da Casa das Lâmpadas, na esquina da rua Conselheiro Franco com a Praça da Bandeira, e o
Clube de Campo Cajueiro, construção arrojada, que tinha como destaque um grande salão circular, cujo teto não apresenta pilares de sustentação ao longo de seu vão. Vanguardista, determinado, ávido por conhecimento, Amorim percorreu o mundo, absorvendo novos conceitos e buscando inspirações para construir o que ninguém ainda havia edificado. Fez vários cursos fora do país, inclusive, cursou jardinagem e decoração.
Restaurante Carro de Boi
Empreendedor,
Amélio recorria a todo tipo de técnica e de material para concretizar uma
ideia. Sonhava executar, integralmente, o projeto do Hotel e Restaurante Carro
de Boi, grande obra que marcou sua vida, e o imortalizou para a história.
Projetado para abrigar um importante polo turístico, o Complexo Carro de Boi
não chegou a ser concluído. A morte precoce, aos 53 anos, provocada por um
acidente automobilístico, ocorrido em 15 de maio de 1982, impediu o arquiteto
de levar o empreendimento adiante. Hoje, o que foi construído da obra, se transformou
no Centro de Cultura Amélio Amorim.
Almas gêmeas
Aquele espírito inquieto descobriu em Irma Amorim a sua “alma gêmea”. Nascida em Feira de Santana, em 23 de março de 1934, filha de Antônio Alves Caribé e Izalda Mota Lima Caribé. Ao lado da sua amada, escritora, artesã, poetisa e produtora cultural, Amélio viu seu trabalho ir sendo reconhecido. O Restaurante Carro de Boi e a Boate Jerimum, trabalhos que marcam uma das fases mais excêntricas do arquiteto, saem da prancheta para se tornarem as principais áreas de lazer da cidade, bastante frequentadas pela sociedade baiana. Amélio Amorim empregou técnicas altamente modernas, aliadas ao uso de materiais rústicos, característicos do Sertão.
O arquiteto
utilizou madeira, para forrar o chão, e piaçava, para cobrir o teto e as
passarelas do Carro de Boi, no qual realizou a I Feira de Arte Total, em
parceria com o cordelista Franklin Maxado. A mostra, que foi um sucesso de
público, reuniu, durante dez dias, todas as modalidades artísticas existentes
em Feira de Santana, vindo a se tornar um referencial da cultura local. Na
boate, arquitetura e escultura se entrelaçavam. Projetada em formato de
abóbora, modelada em cimento, ganhou também uma magnífica pista de vidro
colorido. E, pela primeira vez, Amélio experimentou a bucha natural, muito comum
na região de Feira, como isolante acústico. Boate Jerimum
Paralelamente, Irma Amorim também era reconhecida pelas suas artes. Há
quem diga que Amélio expressava em suas obras poesia de Irma, e vice versa. O
casal não teve filhos, mas adotou
uma menina, Jurema, que lhes deu três netos. Irma foi diretora do Centro de
Cultura Amélio Amorim (1986 a 1988); presidente da Casa da Amizade do Rotary
Clube de Feira de Santana; Suplente de Conselheira de Cultura da Fundação Cultural
de Feira de Santana; Sócia Fundadora da Associação Cristã Feminina; Sócia
Fundadora do International Women’s Club de Feira de Santana; membro da Academia
de Letras e Artes de Feira de Santana, onde exerceu a função de
Vice-Presidente, membro da Academia de Cultura da Bahia e do Instituto
Histórico e Geográfico de Feira de Santana.
Irma Rosa de Lima Caribé Amorim faleceu no dia 23 de novembro de 2010, deixando
um vazio no coração dos familiares, amigos, alunos, confrades e a cultura feirense órfã de uma das
mais denodadas feirenses, guardiã das tradições da cidade.
Com informações de: Ísis Morais (Tribuna Feirense)
Evandro Oliveira (Colégio Santanópolis)
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