domingo, 27 de setembro de 2020

Pneu descalibrado!

Ótimo profissional, gente boa, coração de ouro, porém com a grande mania de mostrar superioridade porque viera de Salvador, embora de lá não fosse e sim, interiorano também. Por qualquer motivo zombeteiro largava: “não sei o que estou fazendo aqui, nessa roça!”

Um problema na cidade de Campo Formoso e para lá se dirige a equipe do jornal: fotógrafo, motorista e repórter. Vencidos os 300 quilômetros e já dentro da cidade, o motorista desce para pedir uma informação sobre o local onde precisava chegar. Imediatamente o fotografo toma-lhe o lugar. O motorista adverte que aquilo está errado e ele retruca: “Que nada, você está acostumado a dirigir em roça, eu dirijo na capital” e se mete por uma rua de mão única, no centro da cidade, área estritamente comercial.

Nova advertência inútil, quando surge, no sentido contrário, mas na mão certa, uma enorme camionete de “dois andares”, que era a paixão e assinatura dos grandes fazendeiros da época.  Os dois veículos, cara a cara, um peso pesado o outro peso pena. O motorista pede o volante sem sucesso e ouve mais uma vez: “aqui é roça, ele já viu a marca do jornal e a placa de Salvador. Quem tem de sair é ele”.

Da camionete, agora de motor desligado, desce um cidadão de quase dois metros de altura, bem nutrido, barba tratada, chapéu de cowboy que apenas se encosta ao veículo, dando o seu recado telepático. Sendo observado por um bom publico e vendo que não obteria sucesso, o motorista-fotógrafo, ou vice versa, encaixa uma marcha ré, desce do veiculo e passa a examinar o pneu traseiro do seu lado, com se houvesse ocorrido um problema e sem olhar para a camionete, como se nada houvesse acontecido. No retorno, diante da observação do verdadeiro motorista, ele  argumenta com indiferença: “Senti que o pneu estava descalibrado!”  

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