quinta-feira, 24 de setembro de 2020

História da Princesa

        Conforme anunciamos, vamos dar prosseguimento à nossa série de matérias sobre a História e as Estórias de Feira de Santana, de 1950 até o ano 2000. Porém, não mais diariamente, mas às quintas-feiras e domingos. Hoje trazemos a história de uma época em que os grupos Sambão, como eram chamados, proliferaram bastante na cidade. E um dos mais famosos foi o KSamba, uma dissidência de um grupo mais numeroso em componentes, o Samba Cá. Nego Mu, Nelsinho, Pomponet e Severino, sustentavam a base, na percussão e cantoria, e contavam eventualmente com o violão de João Bostinha, e outros não tão regulares como Deusimar, Dudu e Carlinhos Blacksolda. O que era brincadeira ficou sério quando aceitaram tocar todos os sábados na Boate do Clube de Campo Cajueiro.

KSamba: música, alegria e amizade


          Havia um numeroso grupo de amigos adolescentes, na década de 70, que tinham em comum o gosto pela música. Naquela época, houve um modismo, uma febre mesmo de grupos de samba, que se formavam a todo momento por toda a cidade. Um desses foi o SambaK (que significava samba e cachaça). Era um grupo muito numeroso, mas houve uma dissidência, e quatro deles conseguiram apoiadores e formaram um novo grupo, o KSamba (cachaça e samba) que caiu no gosto da população, e passou a tocar amiúde em festas particulares, bares, praças e clubes da cidade de Feira de Santana e até em outras cidades da região. Os quatro eram Nelsinho, Nego Mu, Pomponet e Severino.

O grupo chegou a tocar no Feira Tênis Clube (O Aristocrático), e até mesmo no recém fundado “clube da elite”, que era o Clube de Campo Cajueiro. O diretor social do clube, José Olympio Mascarenhas, foi visitado por eles que solicitavam ajuda para comprar instrumentos, e não se fez de rogado. Disse para comprarem tudo que precisassem em Salvador, mas eles teriam que tocar aos sábados, na abertura da boate do clube. “Ele deu um cheque em branco pra gente”, lembra emocionado Jorge Pomponet.

Os instrumentos foram comprados, o acordo foi cumprido e todos os sábados o KSamba tocava na boate do CCC. Muitas vezes até em dia de show de grandes atrações nacionais, antes ou depois de Os Trogloditas, que era a banda contratada do clube para tocar na boate. A aceitação pelo público foi imediata, não só pela qualidade do trabalho deles, mas também porque eram “meninos da Feira”, que conviviam diariamente com pessoas de todas as classes sociais, aram amigos dos seus filhos, estudavam juntos, ou seja, eram “gente da gente”, que depois da apresentação iam se sentar às mesas e conversar com todos, namorar e dançar.

Pomponet, Nelsinho, Nego Mu, João Bostinha e Severino

Além dos quatro “titulares”, o grupo ainda contava com as participações de João Bostinha (violão), Deusimar (percussão) Dudu e Carlinhos Blacksolda. Segundo Nego Mu, João Bostinha era quem tocava o violão e puxava as músicas do repertório, mas tinha que ser adulado para tocar. “Quem segurava onda era mesmo eu, Nelsinho, Pomponet e Severino. Deusimar sumia. Certa vez a gente com um contrato pra tocar em outra cidade, Dudu sumiu. A gente foi encontrar ele no ponto de ônibus para Riachão do Jacuípe, onde tinha uma namorada. Carlinhos Black solda também era assim”, diz ele.

Apesar do grande sucesso o grupo não ganhou dinheiro. “A gente não ligava pra dinheiro, a gente só queria tocar. E tinha o acordo pra cumprir com o Cajueiro. Afora isso, a gente tocava em troca de cerveja, em festinhas particulares. Quando a gente ganhava alguma coisa pra tocar em outras cidades, a gente usava o dinheiro para comprar ou consertar instrumentos, e para fazer umas roupas bonitas pra o grupo se apresentar bem”, revela Nego Mu.

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