segunda-feira, 8 de março de 2021

Crônica de segunda

 O amor venceu

         Às vezes me ponho a refletir sobre o caminho que já percorri na jornada da vida. Em 2012 eu e Maura completamos 32 anos que estamos juntos. Naquele ano ela fez 54 anos, e eu 58. Em algumas profissões, e jornalismo é uma delas, não é comum duas pessoas permanecerem juntas por tanto tempo.

     E a bem da verdade, atravessamos muitas tempestades conjugais e estivemos a ponto de nos separar diversas vezes. Foi numa destas tempestades que recebi a maior prova de amor que uma mulher pode dar a um homem. Ali eu tive a certeza de que essa nossa união estava escrita nas estrelas.

         Como a única certeza que temos na vida é a de que um dia vamos morrer, e o futuro a Deus pertence, eu não vou afirmar que vamos ficar juntos até que a morte os separe. Mas depois de tudo que passamos, tudo que já sofremos e aprendemos, a possibilidade de uma separação hoje me parece algo impossível de acontecer. Não desejo isso e creio que ela também não.

         Mas, se hoje eu estou aqui fazendo estas afirmações, o mérito é muito mais dela do que meu, que sempre fui meio maluco e nunca aceitei amarras, censuras nem liberdade vigiada. Maura nunca me impediu de fazer nada, nunca me vigiou nem me seguiu para saber aonde eu ia ou o que fazia. Parece que ela sempre teve a certeza de que por mais longe que eu voasse, voltaria sempre pra ela.

         Mesmo quando eu voltava da rua altas horas da noite, e ela percebia que havia bebido, enchia a boca de água milagrosa e não me dizia nada. No outro dia, com serenidade, fazia suas ponderações cheias de bom senso, que me deixavam envergonhado e arrependido. Por tudo isso e muito mais é que até hoje andamos de mãos dadas e nos beijamos onde e quando temos vontade, como um velho casal de namorados que realmente somos.

         De todas as escolhas que já fiz na minha vida, ela foi a melhor.

NE: Publicada no Livro Mais eu lhe disse... segunda parte: Tocando em Frente, em 2015. Hoje, Dia Internacional da Mulher, achei propícia... a crônica foi escrita em 2012... agora já são 41 anos de união.

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