domingo, 14 de março de 2021

Histórias da Princesa

       Hoje continuando as histórias e estórias da Princesa, vamos falar de como Feira de Santana poderia ser pioneira no Estado na produção de energia de biodigestores. A Secretaria de Desenvolvimento Econômico fez contato com o Centro Tecnológico de Itaipu (CTI), detentor desta tecnologia, e começou a dar os primeiros passos nesta direção, tendo como motivação o exemplo de algumas propriedades que estavam usando dejetos orgânicos para gerar energia através de biodigestores. Se interessou e buscou mais informações, descobrindo que quem estava incentivando o processo era o Centro Tecnológico de Itaipu.  

 Feira de Santana empacou na produção de energia de Biodigestores

          A crise mundial da energia fóssil encetou uma corrida por energias renováveis e limpas “que não contaminam o meio ambiente”. O Brasil saiu na frente, na década de 70, com o uso do álcool combustível para carros. Entretanto, a ganância dos empresários do setor de distribuição e venda de combustíveis, e a fome do governo por impostos, praticamente inviabilizou o projeto. No campo, entretanto, começou também a serem usados os biodigestores, uma tecnologia secular surgida em 1857, na Índia. Na Bahia, no início dos anos 80 os biodigestores já eram muito utilizados no campo, mas rapidamente chegou às cidades, embora de forma tímida, pois o seu maior uso ainda é no campo.

Os biodigestores rurais são uma alternativa simplificada e apropriada que pode contribuir para o desenvolvimento sustentável, promovendo o saneamento, prevenindo a poluição e conservando os recursos hídricos, os quais são finitos e vulneráveis. Os biodigestores promovem, ainda, o suprimento autônomo de energia e biofertilizante, principalmente, para os pequenos produtores rurais. Assim, os biodigestores podem converter os dejetos animais de um problema para um benefício. Esta tecnologia possibilita um adequado tratamento de diversos resíduos orgânicos, bem como a utilização energética do gás metano, cujo potencial de aquecimento global (efeito estufa) é 21 vezes maior que o do gás carbônico. Justifica-se seu potencial de utilização baseando-se principalmente nos aspectos: sociais, econômicos, energéticos e ambientais.

 Essa tecnologia se reinventou e ressurgiu com força, não só para produção de biogás como também para sua transformação em energia elétrica, que pode ser usada para consumo do seu produtor e até para vender para terceiros. Inclusive, já existe legislação prevendo isto.

Feira de Santana poderia ser pioneira no Estado nesse processo, uma vez que a Secretaria de Desenvolvimento Econômico há algum tempo fez contato com o Centro Tecnológico de Itaipu (CTI), detentor desta tecnologia, e começou a dar os primeiros passos nesta direção, tendo como motivação o exemplo de algumas propriedades que estavam usando dejetos orgânicos para gerar energia através de biodigestores. Se interessou e buscou mais informações, descobrindo que quem estava incentivando o processo era o Centro Tecnológico de Itaipu.

Aristóteles Rios, então secretário municipal, entrou em contato com o centro de biogás, e passou a receber mais informações sobre este processo e fez uma visita ao CTI, quando verificou de perto todo o funcionamento do processo, desde o laboratório até os biodigestores que estão instalados nas propriedades rurais da região de Marechal Rondon, onde os produtores formaram um condomínio para geração do biogás, que é canalizado para uma central onde aciona geradores de energia elétrica.

        

Esperança de energia limpa

A Secretaria de Desenvolvimento Econômico montou uma equipe que estava buscando trazer esta tecnologia não só para Feira de Santana, como também para compartilhar com todos os municípios do estado que estivessem interessados no processo. Ele esperava também que o governo do Estado abraçasse a ideia de um programa que visava diversificar a matriz energética do País e significava levar as diversas regiões do Brasil, projetos de geração de energia alternativa renovável e não agressiva ao meio ambiente, como por exemplo energia eólica, solar, micro usinas hidrelétricas e também a biomassa. Esta última podendo produzir outros tipos de energia.

         Neste campo, o Centro Tecnológico de Itaipu saiu na frente, em 2008 iniciaram este estudo e em 2009 fez uma parceria com a universidade da Áustria, visitaram na Europa diversas unidades de biogás e trouxeram a tecnologia para o Brasil. Havia o interesse do CTI de reaplicar isso para outras regiões do País. Para tanto, estavam firmando convênios com universidades de outros estados, oferecendo gratuitamente o conhecimento tecnológico, consultorias e projetos, não só de campo como de laboratório. É válido salientar que este conhecimento só era repassado para instituições como universidades, prefeituras etc., que por sua vez fariam a ligação com as empresas interessadas em implantar biodigestores para a produção de gás e consequente geração de energia elétrica".

         As empresas privadas, fossem elas fazendas ou indústrias, poderiam montar os seus projetos de geração de biogás e transformação em energia elétrica, que pode ser usada para consumo interno e para revenda para as empresas concessionárias do fornecimento de energia elétrica, no caso da Bahia, a Coelba.  A tecnologia de biodigestores não é uma coisa nova, chegou ao Brasil na década de 70, numa época em que o preço do petróleo aumentou de forma absurda. Não se firmou no País por uma série de razões. E  não poderia ser uma coisa só de Feira de Santana, pois não depende apenas do governo Municipal, mas também do governo do Estado. Inclusive, para firmar convênio com o CTI seria preciso ter objetivos bem claros e definidos. O primeiro passo seria firmar um convênio para que a equipe técnica local pudesse tomar um curso de atualização sobre biogás. E para instalar um laboratório em  Feira de Santana, seria necessário firmar um convênio com alguma universidade. Algumas foram informadas e demonstraram interesse. Os projetos de utilização de biodigestores podem ser montados por micro, pequenas ou grandes empresas e produtores rurais, que receberiam gratuitamente a tecnologia e os projetos. Porém, o aporte de recursos para execução seriam, da responsabilidade de cada um.

         Como se vê, Feira de Santana esteve bem perto de se tornar um dos grandes centros nacionais de produção de Biodigestores e de energia limpa e renovável, o que seria um grande impulso para pequenos, médios e grandes proprietários Rurais. No entanto, mudou o governo do Estado, e também a administração municipal não se viu capaz de tocar adiante o projeto. A troca de comando político no Estado ocasionou grandes perdas para a Cidade Princesa, e continua causando, pois muitas obras e ações iniciadas, continuam abandonadas.

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