quarta-feira, 22 de junho de 2022

As rodas sem ar que podem transformar pneus furados em coisa do passado

 

A maioria dos motoristas já passou por esta situação

As imagens de carros trafegando com dificuldade com um pneu quase vazio, ou de uma troca de pneu no acostamento da estrada, ainda são comuns.

Também é comum a despesa com a troca de pneus que se desgastaram prematuramente, talvez porque o motorista não tivesse verificado a pressão com a regularidade necessária.

Às vezes parece que os pneus são o ponto fraco de um carro. Mas isso irá mudar algum dia?

Estaríamos chegando perto do final da era das câmaras cheias de ar usadas nos veículos desde os anos 1890? Um produto projetado para ser indestrutível e, por isso, de difícil reciclagem?

Em uma pista de testes em Luxemburgo, um carro Tesla modelo 3 está correndo em curvas fechadas, acelerando rapidamente e fazendo paradas de emergência - testes comuns. Mas o notável é que o carro usa quatro pneus sem ar, produzidos pelo fabricante norte-americano Goodyear.

Raios de plástico especiais sustentam uma fina e reforçada banda de borracha. Os raios flexionam-se e contorcem-se enquanto o carro segue adiante.

Raios de plástico sustentam uma banda fina de rodagem nos pneus sem ar da Goodyear
Michael Rachita, gerente de programas da Goodyear para pneus não pneumáticos (NPTs, na sigla em inglês) não esconde as limitações do produto: "haverá ruídos e um pouco de vibração. Ainda estamos aprendendo como suavizar a direção. Mas achamos que o desempenho será surpreendente." E ele está certo.

Os carros elétricos e a mobilidade autônoma estão mudando as exigências com relação aos pneus. Empresas de entregas e serviços de transporte querem produtos que precisem de pouca manutenção, sejam à prova de furos, recicláveis e que tenham sensores para mapear as condições das estradas.

O compartilhamento de carros e os serviços de busca por motoristas estão crescendo nas cidades. Um carro com o pneu furado é um carro que não está gerando renda.

Segundo Rachita, "os pneus a ar sempre terão seu lugar, mas é necessário um conjunto de soluções. À medida que entramos em um mundo onde os veículos autônomos estão se tornando mais comuns e muitas cidades estão oferecendo estratégias de transporte como serviço, a importância de termos pneus livres de manutenção é imensa."

Nos laboratórios da Goodyear, os pneus são testados 24 horas por dia, em diferentes cargas e velocidades. São milhares de quilômetros sem parar.

Alguns raios se deformam, outros quebram, mas as estruturas continuam a funcionar com segurança, segundo Rachita. "É testar para aprender, testar e aprender", ele conta. "Mas estamos em um estágio que nos dá enorme confiança. Este é o caminho."

Pneus sem ar da Michelin podem estar perto do seu lançamento

Já o concorrente da Goodyear, a Michelin, vem trabalhando com a General Motors (GM) em pneus sem ar desde 2019. Em fevereiro, a imprensa noticiou que seu Sistema de Pneus à Prova de Furos Unique (Uptis, na sigla em inglês) poderá estrear em um novo carro elétrico Chevrolet Bolt planejado pela GM, possivelmente já em 2024.

Os pneus Uptis são feitos de resina de alta resistência, embutida com fibra de vidro e borracha composta (a Michelin já registrou 50 patentes sobre esse material) para criar uma estrutura de rede que envolve uma roda de alumínio.

Cyrille Roget, especialista em ciência e inovação do fabricante francês, não confirma as notícias sobre o Chevrolet Bolt, mas contou à BBC que a Michelin terá mais novidades para o final de 2022.

A Michelin é líder de mercado no setor de rodas sem ar. Sua roda-pneu Tweel - do inglês tyre (pneu) + wheel (roda) - existe desde 2005 e é usada em veículos de baixa velocidade, como equipamentos agrícolas.

Mas otimizar essa tecnologia para veículos rodoviários é um desafio completamente diferente, segundo Roget: "temos 130 anos de experiência e conhecimento aperfeiçoando estruturas infláveis como pneumáticos, [mas] a tecnologia sem ar é muito recente".

E o Uptis é apenas uma etapa rumo a algo maior. A empresa que nos deu o boneco inflado da Michelin planeja criar, em alguns anos, um pneu que não tenha ar, conectado à internet, impresso em 3D e feito totalmente de materiais que podem ser fundidos e reutilizados.

E, segundo a Michelin, ele não precisaria de manutenção, exceto por algumas recauchutagens ocasionais.

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