Problemáticas e solucionáticas
Resolver problemas é um sério desafio para qualquer pessoa dotada de capacidade mental, senso crítico, critérios e ética. Mas, para a grande maioria, tudo parece muito fácil. Não por acaso todo brasileiro é um técnico de futebol. Pode perguntar a qualquer cidadão no meio da rua como escalar a seleção brasileira de futebol que ele tem a escalação e a tática na ponta da língua.
Às vezes, a solução de um problema por quem não tem
capacidade para fazê-lo resulta
- Isso aí só o pessoal autorizado pode resolver. Não posso
fazer nada” – disse o profissional.
Não satisfeito, o sujeito foi em casa, apanhou uma escada um
alicate, e foi ele mesmo repor a “canela” no lugar. O choque elétrico de 11 mil
volts o matou instantaneamente.
Quando não resulta em tragédias, a solução de problemas de
forma intempestiva pode resultar em situações, no mínimo, hilárias. Um amigo
meu trabalhava no setor administrativo de um hospital psiquiátrico, onde a
população de gatos havia aumentado consideravelmente, causando transtornos
diversos.
Além da algazarra noturna, incomodando os pacientes, os
bichanos começaram a invadir a cozinha e roubar comida nas prateleiras e
panelas. Pragmático, esse meu amigo decidiu resolver o problema. Conseguiu com
o colega que trabalhava na farmácia do hospital uma boa quantidade de Diazepan,
remédio usado para acalmar malucos.
Esperando acalmar os gatos, ele misturou o medicamento na
comida da gataria. O resultado não poderia ser mais desastroso. O remédio fez
efeito contrário e os bichanos se tornaram agressivos, inclusive mordendo e
arranhando funcionários e pacientes.
Contam que certa vez, na Austrália, a população de coelhos
aumentou demasiadamente. Decididas a resolver o problema, as autoridades locais
mandaram construir uma cerca que isolaria os coelhos em determinada área do
país. Quando a cerca ficou pronta, tinha coelho dos dois lados.
Por falar em pragmatismo, já viram categoria mais pragmática
que a militar. Eles resolvem qualquer problema. Aquela unha encravada tá
difícil de sarar? Amputa o dedo do soldado. Tá tendo infestação de carrapato no
curral? Mata o gado. A pintura do carro está fosca? Passa lã de aço pra dar
brilho. O papagaio não fala? Bota ele no pau-de-arara. E por aí vai.
Aí eu lembro daquele caso clássico da patroa que reclamava
da empregada porque ela deixara uma boca do fogão acesa. Pragmática, ela
respondeu de pronto: A senhora não disse que era pra economizar fósco”?
NE: Publicada no livro Mas, eu lhe disse... 2015
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