Em todos os lugares há sempre estórias sobre pessoas ou animais com poderes sobrenaturais, capazes de iludir e escapar dos seus perseguidores. São os “Mandingueiros”. Em Feira de Santana havia um sujeito muito forte, capaz de retirar o motor de um caminhão sem uso de guincho, usando só suas mãos e braços. Mas ele ia além. Dizem que se fosse perseguido por alguém e na fuga dobrasse uma esquina, seus perseguidores, ao dobrar a esquina, não encontravam ninguém. Ele simplesmente sumia. Era conhecido como Pedro Grosso.
Quem
assistiu ao filme “O homem que desafiou o diabo” deve se lembrar de um boi
fujão que nenhum vaqueiro conseguia encontrar dentro das caatingas. Era um
famoso “Boi Mandingueiro”, que simplesmente sumia diante dos seus
perseguidores. Coube ao herói do filme, Ojuara, pegar o bicho. Mas o próprio
Ojuara tinha fama de ser mandingueiro. Um amigo me contou que na cidade de Pé
de Serra, na região sisaleira, havia um baixinho tinhoso, conhecido como
Juventino Catoré, que era mandingueiro. Como ele bebia e fazia arruaças,
geralmente acabava preso. Mas quando os policiais voltavam para a rua, ele já
estava lá. Como? Ninguém sabe.
Essas
estórias sertanejas foram exploradas pelos autores de telenovela à exaustão,
nas décadas de 70 e 80. Lembro-me da Mulher de Branco, que vagava à noite pelas
ruas da cidade, mas quando alguém se aproximava ela desaparecia. O “Cadeirudo”
que atacava homens e roubava suas calças. Do homem que criou asas. E não
poderia faltar lobisomens, um dos quais era apaixonado por uma garota do bordel
e, pasmem, era correspondido. São muitas lendas urbanas a povoar a mente do
povo. Em Feira de Santana me lembro do Carro de Boi fantasma, o Bicho do Tomba,
o Vampiro e a Loura Sinistra. Muitas pessoas juram ter avistado esses
personagens, mas ninguém nunca os tocou ou prendeu.
O
ex-presidente do Fluminense de Feira, Luiz Almeida, conta em seu livro de
memórias, que quando dirigia o clube, a equipe, que vinha bem no campeonato
baiano, começou a cair de produção e ele foi cobrar mais empenho dos jogadores.
Depois da preleção, alguns jogadores reclamaram que ele não aceitava “fazer
trabalhos” para ajudar o time. Fazer trabalhos significava contratar um Pai de
Santo para “abrir os caminhos” para os jogadores. Ele já ia retrucar, quando o
próprio técnico endossou as queixas dos atletas. Pensando então que isso seria
um elemento motivador, contratou o tal pai de Santo e o time recomeçou a jogar
bem.
O radialista Dilson
Barbosa conta que certa vez apareceu um sujeito no fluminense, um tal de Paulo,
que fez amizade com os atletas através de rezas e mandingas que fazia a pedido
dos mesmos. Nessa época o clube começou a passar por uma boa fase, e todos no
clube atribuíam o fato aos “Trabalhos de Paulo. O tempo passou e um novo
presidente foi eleito. Logo no primeiro dia do seu mandato, ao chegar à sede do
clube, deu de cara com Paulo sentado na sua poltrona. Quando Paulo disse qual
era a sua “função no clube”, ele imediatamente dispensou Paulo, mesmo sob
protestos de alguns. Paulo Saiu, mas deixou uma profecia: O Fluminense não
venceria mais torneio algum. E o Fluminense não ganhou mais nada mesmo e hoje
amarga a Segunda Divisão do Campeonato Baiano. Reza a lenda que Paulo enterrou
uma caveira de burro em local incerto no estádio Jóia da Princesa. Paulo já é
falecido, e reza a lenda, também, que só ele poderia desfazer a mandinga.
Um comentário:
Excelente seu blog!
Vamos Marcar uma entrevista no Viva Feira, para breve!
Postar um comentário