Vamos pensar...
As pessoas hoje em dia alegam não ter tempo para nada, muito
menos para pensar. Pensar pra que? O Jornal Nacional já traz todas as respostas
prontinhas. E foi por essas e outras que ninguém menos que William Bonner
declarou que o espectador do Jornal Nacional é igual ao Hommer Simpson, aquele
personagem do desenho animado (horrível por sinal) que é um completo videota.
Pensar é perigoso. Por isso mesmo os regimes totalitaristas,
e até algumas democracias, não gostam de gente que pensa. Eu soube que em
alguns países europeus alguns cidadãos são convidados gentilmente pelos seus
governos a deixarem o país. Em alguns casos, até oferecem vantagens como
salários, por exemplo. Algo mais ou menos assim:
“Olha!
Vá morar no Brasil. Lá o clima é bom, não tem terremoto, não tem vulcão, não
tem governo, não tem nada que possa lhe incomodar. Há muitas leis, mas, ninguém
cumpre. E em sendo europeu, você pode adquirir cidadania facilmente e quem sabe
até se eleger a um bom cargo. Seu salário aqui tá garantido”. Porque ninguém me
oferece algo assim aqui no Brasil? Sei, é porque eu não penso. É verdade. Se
pensasse já tinha me picado daqui faz tempo.
Brincadeiras
à parte, pensando bem (epa!), as pessoas que não pensam são muito mais felizes.
Elas não se importam se são manipuladas, se os governantes se aproveitam delas
como massa de manobra para alcançarem seus fins espúrios. Estão acostumadas a
deixar que outras pessoas resolvam por elas os seus problemas, sem perceberem
que, se não fossem estas “outras pessoas”, elas não teriam problemas. Afinal,
segundo a Bíblia, Deus prometeu o Paraíso aos inocentes e ignorantes.
Sobre
essa estória de pensar, contam que o pai de um importante político de Feira de
Santana, foi questionado pelo sogro deste, que lhe disse estar “achando o
menino muito triste”. Travou então o seguinte diálogo:
-
Joãozinho está triste porque deve R$ 1 milhão e não pode pagar. Eu dou R$ 500
mil e você dá R$ 500 mil. Resolvemos o problema dele e ele volta a ficar
alegre”.
O
sogro de Joãozinho teria então enfiado os dedos polegares nos suspensórios das
calças, balançado a cabeça positivamente, e depois de pigarrear, respondeu:
-
Vamos pensar!
Está
pensando até hoje.
NE: Publicada no livro Mas, eu lhe disse... 2015
Um comentário:
Estou pensando..... A reflexão é ótima. Saudades.
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