-Nosso prognóstico é ruim. Não dá mais.
-Porque não? A esperança é a última que morre.
-Pode ser, mas não temos cura.
-Temos de tentar tudo pela manutenção.
-A lesão é fatal.
-Não podemos adivinhar o futuro, enquanto há vida há esperança.
-Tem sequelas que não revertem, deixam limitações.
-Não digo que não, mas não podemos transformar tudo em efeito colateral.
-Efeito colateral com a dor dos outros é refresco.
-Calma, não quis botar dedo na ferida.
-Perdão, fui negligente.
-Eu vi todos os sinais e sintomas do que estava acontecendo. Não dei o diagnóstico antes porque me fiz de cega.
-Não lembre disso.
-Não sofro de amnésia, nem tenho sangue de barata.
-Não achei que fosse avançar. Pensei: é como uma virose, passa logo.
-Sei, você se deixou contagiar fácil.
-Mentira, resisti sim.
-Então você estava com sua resistência bem baixa. Reveja isso aí.
-Não foi minha culpa. Foi como se fosse outra pessoa.
-Disso, não duvido. Você tem dupla personalidade. E nenhuma presta.
-Não tenho, mas se tiver as duas amam você.
-Ama em sua mente viciada em prazer. Você é um inseguro patológico.
-Está delirando.
-Estou é? O que fazia na cama com minha irmã quando eu ia trabalhar é invenção?
-Foi ela que se insinuou e me seduziu.
-Entendi, você foi apenas um macho alfa indefeso. Ela vai embora hoje.
-Ela usou um golpe baixo.
-Golpe baixo é sua masculinidade tóxica. É como um câncer. Vá se tratar. O primeiro passo para melhorar é reconhecer a doença.
-Não apela para essas frígidas que odeiam macho.
-Respeite.
-Odeiam, odeiam. Por causa delas que você está assim comigo. Elas nunca vão ter um homem para chamar de seu como você.
-Meu e da torcida do Flamengo. Aliás, nem sabia que minha irmã torcia para esse time.
-Vou falar a verdade. Ela se vestia com suas roupas, botava seu perfume. Suas calcinhas. Até a pretinha que te dei. Não resisti.
-Canalhas.
-Não. Fantasiei que era você me querendo de um jeito que você não me queria há muito tempo.
-Como é?
-Reconheça que você me deixava carente. Pensei o tempo inteiro que estava fazendo amor com você.
-Bem, reconheço que andei distante.
-Então, perdoa. Vem cá, vem, vamos fazer amor de novo...
....
-Nossa, que noite maravilhosa. Meu homem. Hahaha!
-Perfeita, mas melhor que a última só a próxima vez.
-Assim nunca mais vamos ter problemas.
-Amor, queria te pedir uma coisa. Posso?
-Claro, amor.
-Deixa sua irmã continuar morando com a gente.
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