Crônica de segunda

O que está acontecendo conosco?

          Li há pouco tempo um artigo onde cientistas afirmam que o homo sapiens, ou seja, nós, estamos para dar um salto evolutivo, como acontece entre um milhão de anos e outro. Segundo estes cientistas, o posicionamento de um osso na base do cérebro muda, e quando isso acontece, os humanos dão um salto evolutivo. E afirmam que esse tal osso já aparece reposicionado nos bebês que estão nascendo agora. Em termos bíblicos, estamos vivenciando a era pré apocalíptica, o que não significa necessariamente o fim do mundo, mas uma mudança radical em todos os padrões humanos, impulsionada pelos quatro Cavaleiros do Apocalipse, a saber: Peste, Fome, Guerra e Morte. Quem já se deu ao trabalho de ler o livro do Apocalipse, de São João, sabe quais os sinais que indicariam os sinais da chegada do Apocalipse. E. pensando bem, desde muito jovem eu tenho visto muitos. O mundo, tal qual conhecemos, vai mudar, e será uma mudança dolorosa. Já está sendo. Mas vem coisa pior por aí.

         A fome já acontece desde antes de que eu tivesse nascido, afligindo populações inteiras em vários recantos da terra. A guerra também. E estamos vivenciando a era das pestes que dizimam humanos como moscas. As mudança radicais estão acontecendo a olhos vistos, todos os dias, mas as pessoas não prestam muita atenção porque somos imediatistas, queremos a causa e o efeito ocorrendo no nosso breve período de existência. Mas as mudanças cósmicas não acontecem assim. Elas levam centenas, milhares ou até milhões de anos entre o início e o fim. E estamos sim, vivenciando o fim de uma era cósmica. Os sinais são bem claros. Tem gente que não está nem aí pra isso, e creio que é o certo, até porque não há nada que eu nem ninguém possa fazer para evitar. Mas eu tenho essa mania de ler, estudar, me informar e observar tudo que acontece à minha volta. Não tenho medo, não me desespero, não sou alarmista, apenas que estar ciente do que pode me acontecer. Mas, seja lá o que for, será segundo a vontade de Deus.

         Ah! Deus. Essa entidade misteriosa e poderosa sobre a qual os religiosos afirmam que criou o universo em seis dias, descansou no sétimo. E depois nos fez à sua imagem e semelhança. E por isso devemos lhe render graças, temer e prestar obediência cega. Há quem se contente com isso. Eu não. Em vez de crer, eu preferi entender Deus. Não o vejo de uma perspectiva humano. Estou certo de que que o Universo e tudo que nele existe não surgiu do nada, e sim foi criado por uma força tão poderosa e complexa que não pode ser explicada pelo nosso cérebro simiesco. Mas, não existe efeito sem causa, tudo tem uma origem, e nessa origem está Deus. Portanto, Deus existe. Não pode ser visto com os olhos, mas pode ser percebido através da sua obra, e ouvido no sussurro do vento ou na música das estrelas, ou das forças da Natureza, no nascimento de um ser vivo. É tudo o que podemos obter dele. Tudo o mais está muito além da nossa modestíssima capacidade de entendimento.

         Mas foi um fato corriqueiro que me motivou a refletir e escrever sobre isso. Foi que ao publicar um texto contra o “Fique em Casa”, um amigo me questionou se eu achava aquilo “engraçado” ou se eu estaria “a serviço dos criacionistas”. Fiz ver a ele que nem uma coisa nem outra. Publiquei o texto apenas por não concordar sobre o “Fique em Casa”. Foi o suficiente para ele explodir em fúria, me chamar de “genocida”, dizer que não iria mais me seguir, e despedir-se com um frio “até nunca mais”. Fiquei espantado, porque aquele não era o meu amigo de mais de trinta anos, meu compadre. Foi então que me fiz a pergunta que serve de título para esse texto: O que está acontecendo conosco? Lamento ter perdido um amigo por tão pouco, mas me conformo, porque sei que nada vai mudar minha opinião e nem a admiração e amizade que tenho por ele. Mas alguma coisa estranha está acontecendo conosco, isso está.

NE: Publicada em 2020.