segunda-feira, 13 de abril de 2020

Nas ruas


Do sétimo andar olho a cidade refém do isolamento e de uma ameaça que nem todos acreditam. Considerando o frenesi que ela vivia, é um encolhimento; considerando o potencial da ameaça, é pouco. Feiras, bares de bairro, e mesmo do centro, que não fecharam, não conseguem conter a aglomeração. Os mascarados, nesse estranho carnaval de homens amedrontados, são minorias em frente às lojas e elas raramente são usadas de forma correta.

Aos poucos, os feirantes das barracas e das galiotas vão ocupando a Marechal Deodoro, com o verde do alface- belíssimo-, insinuando que a vida continua. Ainda não são os 300, de Esparta, mas vão retomando o território que sempre foi seu. Os compradores ainda são tímidos e um ou outro mantém a distância recomendada. Poucos vendedores e clientes usam máscaras, em um dos mais antigos comércios da cidade.
Somos uma cidade pobre, muito dependente do comércio informal e a pandemia provoca uma devastação na renda, já mínima, das famílias.
Já há esfomeados em entidades religiosas, e os vendedores dos sinais estão de volta, mostrando que o isolamento tem diminuído e que a população está chegando ao limite do sacrifício. É possível que a injeção de renda federal, que chega em boa hora, cause algum impacto na economia e na situação dos mais carentes, assim como, a imensa rede de solidariedade que o vírus despertou, humanizando as relações apesar do afastamento do contato.
Nas ruas vejo a necessidade de mais campanhas, mais informação e apoio. A doença social, no entanto, é uma ameaça mais real que a outra. Ao menos, por enquanto, em que nossa escassez de testes mantém o número de casos limitados.
Até aqui, a população tem vencido

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