domingo, 16 de agosto de 2020

ARTISTA ENTROU NO CIPÓ

Naquele tempo (não tem nada a ver com a Bíblia), era baitola mesmo quem não fosse chegado a mulher lá no Ceará. Severino era um rapaz até bonito e trabalhador, mas nunca fora visto com uma mulher. Os amigos, desconfiados, resolveram fazer um teste. Geraldo, que era metido a artista de teatro amador alencarino tomou a frente.
Em casa “sequestrou” um vestido da irmã Conceição, maquiou-se todo e foi para a rua próxima da pracinha, de péssima iluminação, onde Severino passava todas às noites. Bom intérprete, pelo menos assim se achava, Geraldo conseguiu atrair a atenção do inexperiente amigo. Mas, aconteceu o que não era esperado, nem estava programado, “juntando a fome com a vontade de comer” como se diz na terra de Padre Cícero, Severino partiu para o ataque.

Sem conversa foi logo pegando o “ator” e dando um arrocho de quebrar a mola, enfiou  o  cipó nas pernas do amigo, que se vendo perdido, arrancou o vestido e gritou “sou eu Severo, é Geraldo, é só uma brincadeira!”. E Severo de madeira empinada ”brincadeira um ova seu baitola, você começou agora vai ter que aguentar”. Foi preciso a turma, que a tudo acompanhava atrás de arvores, entrasse em ação para evitar a consumação do fato.
Verdade é que tudo foi esclarecido. Severino  passou a desfrutar da confiança dos amigos enquanto Geraldo até hoje não se conforma da cipoada levada de Severo mas, vaidosamente afirma:  “Mostrei que sou um artista  de primeira!”


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