A
adoção do isolamento social como forma de combate à pandemia tem
reforçado a necessidade de se ampliar a oferta de produtos e serviços à
distância, tanto no setor público como no privado. Essa tendência foi
percebida também pelo Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF),
que publicou hoje (13) o primeiro Índice Govtech da Iberoamérica.



Govtech é a infraestrutura tecnológica
visando soluções inovadoras adotadas pelos governos tanto para trabalhos
internos como para a disponibilização de serviços aos cidadãos.
A análise feita pelo CAF abrange 16 países, no que se refere à “maturidade dos ecossistemas nos quais startups
e pequenas e médias empresas inovadoras trabalham com governos para
resolver problemas públicos mediante o uso de dados e tecnologias
digitais”.
De acordo com o levantamento, o Brasil ficou
em quarto lugar, com um índice de 5.256 pontos – atrás apenas de
Espanha (6.630 pontos), Portugal (6.283) e Chile (5.367). O quinto lugar
ficou com o México, que obteve 5.241 pontos.
De acordo com o CAF, o índice tem como referência 28 indicadores e desenvolve 7 dimensões que são agrupadas em três pilares: startups, governo e compras públicas.
Brasil
A informa aponta que o Brasil se encontra bem acima da média regional (3,41) no pilar startups,
com uma pontuação de 5,77 o que, segundo o relatório, “reflete o
ambiente criado por uma promissora infraestrutura técnica, por meio da
disponibilidade de dados e desenvolvedores de tecnologia”.
Aponta também a existência de um “ambiente
regulatório relativamente favorável no país, onde os negócios podem ser
iniciados com mais facilidade e talentos provenientes das universidades
mais bem aproveitados do que em outros países da região, além de
parcerias com indústrias”.
O Brasil obteve, ainda, uma pontuação de
4,84 no pilar relativo ao governo, número que é “pouco acima da média
regional”, que está em 4,62. Segundo a CAF, o país tem como ponto
positivo os quesitos relativos à prestação de serviços online, o que
aponta “elevado nível de interesse em digitalizá-los”.
No pilar compras públicas, o Brasil alcançou
pontuação de 5,16, ficando abaixo da média regional, que foi de 5,45.
“Uma das explicações para o índice é a falta de confiança nos processos
de compras governamentais, impactados negativamente pelos escândalos de
corrupção do passado”, diz o documento.
“Embora exista uma legislação robusta sobre o
tema, é comum que os processos de compras sejam objeto de
investigações. Espera-se que aprovação do Marco Legal das Startups, prevista para curto prazo, crie um impacto positivo no ambiente de compras governamentais brasileiro”, complementa.
Empréstimos e conhecimento
Segundo o representante do CAF no Brasil,
Jaime Holguín, o banco tem uma carteira de US$ 27 bilhões, cabendo ao
Brasil uma participação de US$ 2,2 bilhões. “Nossa atuação visa o
desenvolvimento sustentável do países. Temos como componente principal
as obras de infraestrutura, mas não oferecemos apenas empréstimos.
Oferecemos conhecimento”, explicou hoje, ao anunciar os resultados.
De acordo com o executivo da Diretoria de
Inovação Digital do Estado, Marcelo Facchina, entre os desafios da
entidade está o de dar segurança ao servidor público para abraçar a
inovação enquanto política.
Conclusões e recomendações
Com relação ao Brasil, o executivo lista,
como principais conclusões, a de que o país é o que possui maior número
de empresas govtech, se comparado aos demais países da América Latina.
Citou também o fato de o país ter “compromisso com a digitalização do
governo e de serviços online”; e o estágio avançado das discussões sobre
uma nova lei de compras.
Entre as recomendações ao país, ele destaca a
necessidade de se criar uma estratégia nacional ou integrar um eixo
govtech na estratégia de transformação digital atual; a mobilização de
recursos públicos e privados; reformas regulatórias como a lei das startups e lei de compras públicas para a inovação; e a liberação de recursos para a criação de um fundo e de uma estratégia nacional”
“É também necessária a construção de
confiança com os cidadãos para combater os altos índices de percepção de
corrupção”, acrescentou.
Diretor da Diretoria de Inovação Digital do
Estado, Carlos Santiso, informou que o CAF pretende aplicar o índice na
avaliação de 30 grandes cidades ibéricas e americanas. “A ideia é
promover empresas locais para soluções locais, aproveitando que a
urgência de transformação digital foi reforçada com a crise [decorrente]
da pandemia”. (Agência Brasil)
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