
Vendedores de frutas, de caldo de cana, de verduras, e pequenas
barracas se amontoam no espaço restrito, caótico, orgânico e vivo, da
feira. É a cidade como ela é. Uma retroescavadeira cava entre duas
linhas marcadas de giz e movimenta um grande volume de terra. Como ainda
estamos nessa transição de dias chuvosos para a secura que anuncia a
despedida da temporada fria, não há poeira. Ao lado das máquinas os
vendedores com suas galeotas mantém firmes suas posições, como se
tivessem traçado uma linha de combate e ali fosse sua trincheira.
Os grandes equipamentos fazem contraste com os carrinhos de mão
repletos de verduras. Os fios dos postes constituem uma alegoria de
desordem, ligações nem sempre regulares, e uma torre de babel elétrica.
Alguns fios já estão quase a altura das cabeças. Custa crer que tudo
isso vai mudar e que tamanha intervenção esteja sendo feita sem que o
comércio dê a menor bola.
Quando chego lá adiante, encontro o único sinal que algo mudou. No meio
da rua, sem carro, três garotos e um adulto jogam um bobinho, cada um
exibindo a falta de intimidade maior com a bola, mas deixando
transparecer uma tremenda alegria pelo campo inaugurado.
Talvez seja apenas isso. A vida segue, independente do que esteja acontecendo.
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