terça-feira, 1 de setembro de 2020

Aniversário da “Princesa do Sertão”


No próximo dia 18 Feira de Santana completará 187 anos, desde a sua emancipação política. A partir de hoje até lá, e talvez até o final do mês, estaremos publicando aqui antigos registros históricos da cidade, bem como estórias e causos que as pessoas que nela vivem e trabalham, contam do seu cotidiano. É a nossa forma singela de homenagear a nossa querida cidade. Começamos com estes registros históricos retirados do livro “Feira de Santana”, de Rollie E Poppino, e também de depoimentos e anotações de pessoas como a professora e escritora Lélia Vitor.  

Não há registro da história de Feira há mais de 60 anos

Apesar de algumas tentativas isoladas de alguns professores e historiadores, Feira de Santana não tem registro oficial da sua história desde os anos 50. Ante a indiferença e insensibilidade dos poderes públicos, alunos das escolas feirenses não estudam a história da cidade por absoluta falta de livros didáticos. O único livro conhecido que traz a história do Município até os anos 50, foi escrito por um americano, Rollie E. Poppino.
É apenas graças ao trabalho de Poppino, que está registrada em livro a história da cidade desde as suas origens, na fazenda Santana dos Olhos D’água, do casal português Domingos Barbosa de Araújo e Ana Brandoa, até sua emancipação política, desmembrado do município de Cachoeira e instalação da Primeira Câmara Municipal (que acumulava os poderes Legislativo e Executivo). E a história só é contada até o ano de 1950. Aliás, é também graças ao trabalho de Poppino, que se descobriu que a emancipação política da cidade estava sendo comemorada na data errada e não em 18 de setembro, um erro histórico de dia, mês e ano.
A professora Lélia Vitor Fernandes, autora de diversos livros, inclusive de biografias, já tendo biografado mais de mil personalidades feirenses, de autoridades, artistas e até figuras populares, fala sobre este lapso de memória da cidade que já dura mais de 60 anos.
. “Temos pessoas que, baseadas no livro de Poppino e nas pesquisas de Monsenhor Renato Galvão, republicaram a história. Temos o livro ‘O Município de Feira de Santana, das origens à instalação’, de autoria de Pedro Tomás Pedreira, publicado em 1983. Conta a origem do Município até 1833, quando foi desmembrado de Cachoeira e instalada a primeira Câmara Municipal”,
“Nós passamos décadas comemorando a emancipação política da cidade como sendo de 16 de junho de 1873, que foi a data em que Feira deixou de ser vila e foi elevada à condição de cidade. O erro histórico foi descoberto por Monsenhor Renato Galvão, nos anos 80, mas só em 2002 foi que a Câmara Municipal oficializou 18 de setembro de 1833 como a data de emancipação política de Feira de Santana. A data, entretanto, não consta do calendário oficial de feriados municipais e o “Dia da Cidade” é comemorado no dia 26 de julho, Dia da Padroeira, Senhora Santana, que é feriado municipal”.
Professora Lélia Vitor Fernandes
“Temos o livro ‘Dicionário da Feira de Santana’, de autoria do professor Oscar Damião, que é um livro muito versátil que fala da história, geografia, economia, religiosidade e personalidades do Município, inclusive da história dos distritos, algo que ainda não havia sido feito. O Professor Osvaldo Sales também publicou um livro muito interessante sobre Maria Quitéria e eu, que tenho biografado as pessoas da cidade”, diz a professora. Apesar de tudo, a cidade não tem um livro contando a sua história a partir de 1950, abordando os fatos marcantes, seja em política, economia ou religião, entre outros aspectos que compõem a história de um município”.
Segundo a professora Lélia, “os professores Helena Conserva e Joaquim Gouveia escreveram um livro, com uma edição muito limitada, voltada para o ensino fundamental, que foi adotado por algumas escolas particulares. Tem também quatro livros da professora Laura Ribeiro Lopes, que foi a primeira geógrafa da cidade, que são trabalhos didáticos versando sobre a Geografia e História do Município. Mas estes são relíquias, difíceis de encontrar. Algumas escolas também publicaram livretos sobre a História e Geografia de Feira de Santana, mas voltados mais para o consumo dos seus professores e alunos”.
Pesquisar e elaborar um livro sobre a história recente de Feira de Santana é um trabalho que pode ser feito, pois a cidade conta com muitos professores historiadores, inclusive na própria Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Mas o problema está em publicar este livro, porque os custos são altos e não há patrocinadores. Somente em termos gráficos, um livro de cerca de 200 páginas, para uma limitada tiragem de mil exemplares, custa em média R$ 9 mil. E ainda resta pagar pelo trabalho do pesquisador, que investe tempo, dinheiro e, principalmente, conhecimento para a realização de tal obra. Ninguém em sã consciência vai realizar um trabalho destes esperando recuperar o investimento e ainda ganhar algum dinheiro com a venda de exemplares. O patrocínio é fundamental, venha ele de onde vier.
De toda sorte, aqui e ali alguns livros vão sendo publicados graças à abnegação de alguns poucos amantes da história da cidade e ao interesse de algumas instituições, abordando aspectos diversos da vida do Município. A professora Lélia relaciona alguns: “Conhecendo Feira”, publicado pela Universidade Aberta à Terceira Idade (UATI), “Perfil Empresarial”, publicado pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), “31 anos de Micareta”, (Helder Alencar), “Dimensão História da Visita do Imperador a Feira de Santana” (Godofredo Filho), “Pequena História de Feira de Santana” (Raimundo Pinto), “Feira de Santana e Rui Barbosa” e Feira de Santana em Postais” (Raimundo Gama), “A Feira do Século XX” (Antônio –Moreira – do Lajedinho), “Retalhos da Minha Cidade (Oydema Ferreira) e “Fidalgos e Vaqueiros” (Eurico Alves)

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