O
“General” e o “Marechal”
Hermes Sodré era um político do MDB
que, eleito vereador, fazia oposição à Arena, o partido da ditadura militar.
Quando o time do Botafogo do Rio de Janeiro perdeu sua sede no bairro carioca
de nome Botafogo, onde nasceu o clube de futebol, teve que mudar sua sede para
o bairro de Marechal Hermes, nome colocado em homenagem ao Marechal Hermes da Fonseca.
A quebradeira do clube e a mudança da sede causaram rebuliço na imprensa
esportiva, e por aqui, amigos de Hermes Sodré, por brincadeira, passaram a chamá-lo
de “Marechal Hermes”. Ele assimilou a brincadeira e chamava a si mesmo de
“Marechal”.
"Marechal" Hermes Sodré |
No
início dos anos 80, a ditadura militar dava sinais de enfraquecimento, e muitos
políticos, antevendo uma derrota eleitoral dos militares, começaram a se
afastar destes, convenientemente, para não perder votos. Por aquela época, era
comandante da 6ª Região Militar o General Gustavo Moraes Rego, que veio a Feira
de Santana com a clara missão de passar recado aos políticos de que quem
mandava ainda eram os militares. Uma solenidade foi realizada na Câmara
Municipal, que ainda funcionava, num andar do prédio do antigo INPS (Hoje ISS),
e para lá acorreram jornalistas, autoridades e o povo em geral.
Com
a “casa” lotada, o General passava o seu recado, e justamente quando ele dizia
que os políticos não deveriam se afastar dos militares, mas sim, estreitar as
relações, eis que o vereador Hermes Sodré pediu um aparte. Foi um silêncio
funério, até porque, não estavam previstos apartes no protocolo do cerimonial.
Com a testa franzida o general ouviu do presidente da Câmara, que o pedido do
vereador seria atendido, e lhe concedeu o aparte. Disse Hermes Sodré: Vossa
Excelência, está enganado. Nós aqui somos muito próximos dos militares. Inclusive,
temos alguns entre nós. E ante o semblante incrédulo do General, revelou: “Eu,
por exemplo, sou ‘Marechal’.
Foi hilário ver a cara de espanto do
General diante do “Marechal”.
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