Aniversário da Princesa

Prosseguindo com nossa série de publicações comemorativas do Aniversário de Feira de Santana, hoje falamos sobre 

Os “Achados” e “Perdidos” nos dias e noites feirenses

                 

Feira de Santana nasceu numa área para onde convergiam as boiadas que vinham do Oeste do Brasil para os mercados do Leste. Ali se formou um comércio que cresceu muito, vieram ferrovias e estradas e o lugar acabou se transformando num grande entroncamento nacional, por onde precisavam passar todos que viajavam não só do Oeste para o Leste, como também do Sul para o Norte, e vice versa. Isso fez com que desde os primórdios da cidade, aparecessem todo tipo de gente. Todos querendo tentar a sorte e encontrar um lugar para si naquele pequeno “Eldorado”. E não faltaram os extravagantes, os andarilhos, os pedintes e os loucos.

         Na década de 60 eram conhecidas figuras como Seu Zé, Alô, Maria Oreinha, Maninho, Marta Rocha, e mais uma infinidade de dementes que, por não serem violentos, eram tolerados entre a população, se não como iguais, pelo menos como figuras curiosas. Pessoas se notabilizaram também pelo que faziam e pelo que eram muito procuradas, como João do Coquinho, que vendia cachaça curada dentro de côco seco; ou então, pela aparência, como Maria Barbada, comerciante do Mercado Municipal; Zabumba, que imitava pessoas importantes ou famosas. E ainda tinha artistas, intelectuais, políticos, jornalistas e radialistas, que sempre movimentavam às suas maneiras, os dias e noites da Princesa do Sertão.

Casamento de Franklin Machado com a atriz Maria Helena

         Por exemplo, movimentou toda a cidade o casamento hippie do jornalista Franklin Machado, com a atriz e modelo Maria Helena - Leninha (que se tronou mais tarde uma Mulata do Sargentelli, e ele, famoso Cordelista). Que chegaram à Igreja Matriz em cima de um carro de bois e vestidos de mortalhas. Como esquecer de Jair do Pega, o jovem que voava com seu carro fazendo piruetas pelas ruas de Feira de Santana, desafiando as autoridades do trânsito. A notícia de que finalmente fora apanhado, vendeu mais jornais do que a cobertura da visita do papa a Salvador.

Os tempos mudaram, mas essa pessoas permanecem imortais na memória da cidade, muito embora sempre apareçam outras para chamar a atenção das pessoas de alguma forma. E foi com essa percepção que o fotojornalista Reginaldo Pereira (ele mesmo uma figura curiosa e importante da cidade), criou o evento conhecido como “Encontro de Figuras Populares de Feira de Santana”, que este ano teria a sua 20ª edição, se não fosse a pandemia do vírus chinês.

  

Encontro de Figuras Populares e Troféu Tracajá

Figuras Populares

Reginaldo Tracajá

O fotojornalista e produtor cultural, Reginaldo Tracajá Pereira, coordena dois eventos (que se fundiram em um só) que são o Encontro de Figuras Populares e o Troféu Tracajá, reunindo  profissionais de comunicação, artistas, autoridades, políticos, e mais uma gama de notáveis da cidade, em um clima de amizade e descontração. “ É um dos mais interessantes e folclóricos eventos da cidade, que reúne gregos e troianos, sem rotulação social”,  diz Reginaldo.

O Encontro surgiu na redação do Jornal Folha do Norte, e já foi realizado em lugares como o Mercado de Arte Popular, Bar Resenharia e na Euterpe Feirense, e até no Largo São Francisco.
Nestes eventos acontecem lançamento de livros, exposição de fotos e apresentações musicais, entre outras atividades sócio culturais. Artistas das mais diversas áreas marcam presença como Maryzelia, Djalma Ferreira, Roberto Kuelho, Cescé Amorim, Carlos Pitta, grupos de Samba de Roda e muitos outros inclusive que não são radicados em Feira, como o cantor Xangai e o forrozeiro Del Feliz, que já participou de várias edições.

Encontro de Figuras realizado no Largo São Francisco

 O Encontro de Figuras Populares consta no Calendário de Festejos Populares de Feira de Santana, sendo uma comemoração oficial e como tal merece todo o apoio da comunidade que luta pela preservação das legítimas manifestações culturais da terra de Senhora Santana. A programação dos encontros sempre acontece das 10  às 16 horas. Sem dúvida, uma festa completamente descontraída e diferente. O público tem acesso livre e a única exigência, segundo Reginaldo, “é que cada um esteja com o espírito aberto, levando alegria e paz”.

Forrozeiro Z|é Trindade anima o público

Cescé Amorim, Cristóvam Aguiar e outros homenageados de Tracajá

    

Cantor Xangai em uma das edições do Encontro de Figuras Populares

Cantor Waldick Soriano recebe Troféu Tracajá