domingo, 17 de janeiro de 2021

Esse ônibus para onde vai?

Sujeito esperto estava ali! Cearense, pouca instrução, mas uma habilidade para enrolar que só as cabeças altamente privilegiadas podem ter.  Driblador nato, assim como Garrincha. Acertava um serviço, atrasava a entrega e ainda ganhava uma gratificação. No namoro, enrolava uma, enrolava outra e ainda saia de vítima. “É um bom rapaz deve ser o trabalho!” avaliava o pai ou a mãe da moça. Na verdade, nascera prendado, sem ser bonito tinha uma irradiante simpatia!

Mas o tempo foi passando e o serviço militar bateu à porta. Já estava caminhado para os 21 na “maré   mansa” sem pensar no Pavilhão Nacional. Quase aos empurrões apresentou-se para os exames. Forte, sadio, com cara de boa gente, não tinha como escapar. Mas a solução estava ali. “Como servir à Pátria, como fuzileiro naval, sem enxergar um palmo diante do nariz. Como?”  

O oftalmologista coloca o cartão com as letras e ele alega não estar vendo  bem. Coloca as maiores e ele com a cara mais simpática “não doutor, nada”. Já sem saber o que fazer o doutor pega uma vassoura e coloca em sua frente “agora sim doutor estou vendo é uma caneta, uma caneta”. Caso perdido esse rapaz tão simpático tem de ser dispensado, decide.

Dia seguinte até para comemorar a dispensa se aloja na amplidão do cinema Timbira, que ficara pequeno devido à presença de público, o filme era um sucesso. Comeu pipoca, mascou chicletes - naquele tempo era assim - e se levantou meio empenado, depois de quase três horas naquela cadeira nada confortável. Na saída do cine de cara se bate com o médico que dia antes havia feito seu exame de vista e ele, de forma magistral pergunta ao médico: “Amigo, sabe dizer se esse ônibus vai para o Sobradinho?”

 

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