quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

Professora autista cria método para alfabetizar em 6 meses

Professora Gisele criou método de alfabetização - Foto: divulgação

A professora Gisele Nascimento, hoje com 38 anos, teve diagnóstico tardio de autismo e até lá sofreu com dificuldade de interação, falta de amigos, comentários preconceituosos e ficou sem falar dos 7 aos 8 anos de idade.

A família não sabia que ela tinha grau leve de autismo, apenas que era uma criança muito inteligente. Aos 4 anos Gisele começou a demonstrar interesse por livros, que o pai, um estivador, comprava em um sebo perto do cais do porto de Niterói, no Rio de Janeiro.

A menina passou a “devorar” os livros de forma autodidata, sem nunca ter ido à escola. Aos 5 anos ela também começou a ler em inglês e não parou mais. Quando completou 10 anos, já dominava seis idiomas: inglês, alemão, francês, italiano, espanhol, além do português.

Graduações

A professora – que ficou conhecida em 2014, depois de uma reportagem do jornal OGlobo – conversou com o SóNoticiaBoa nesta quarta, 13 e disse como está a vida dela hoje.

‘Continuo morando no Rio de Janeiro. Continuo na Prefeitura Municipal de Itaboraí e Maricá. Também atuo na UFABC nas Especializações como Professora Formadora- Orientadora de TCC.  Sou Pós- Doutoranda em Ciências e Biotecnologia pela UFF. Sou formada em Ciências Biológicas, também”, afirmou.

“Eu dou aulas particulares. Faço Atendimento Educacional Especializado, agora [na pandemia], remotamente”, disse Gisele.

A professora revela que, no início, quando começou a lecionar, omitiu o fato de ter autismo para evitar o preconceito.

Alfabetização em 6 meses

Ela desenvolveu uma técnica eficiente de alfabetização, com métodos específicos, que pode ser usada por qualquer aluno e pode alfabetizar em 6 meses.

“Em casos de autismo de grau leve, finalizo o processo de alfabetização em seis meses. Eles aprendem, por exemplo, por métodos específicos, são extremamente visuais. Precisam de tempo para ver a imagem e associá-la à palavra, tanto escrita quanto ao fonema”, diz.

Os alunos aprendem brincando e recebem recompensas.

“É preciso brincar, lidar de forma lúdica. Além disso, as recompensas têm papel fundamental no reforço do aprendizado. Premiar pequenas vitórias com peças de brinquedos, fichas e doces as mantêm estimuladas e motivadas por mais tempo”, contou a professora ao OGlobo.

A maior paixão dela é dar aulas para crianças e adultos com necessidades especiais.

E tudo começou na Escola Municipal Clara Pereira, no Rio. Gisele tinha uma turma mista de alunos com idades entre 9 e 27 anos, que têm transtornos diversos: autismo, Síndrome de Down, deficiência intelectual e superdotação.

Pelo reconhecimento do trabalho, ela foi convidada para participar do primeiro curso de formação de professores da Clínica-Escola do Autista, em Itaboraí, primeiro local público do país a oferecer atendimento multidisciplinar gratuito para autistas.

Contatos da professora Gisele:

Com informações de OGlobo e SNB

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