Dando uma busca para conseguir uma foto, encontrei essa matéria no site Bahia Já, escrita por Maurício Matos (jornalista, músico e crítico musical) publicada há 4 anos. Aliás ele fez uma série, contando a história de Ademar Andrade, ou Ademar Furta Cor, como é mais conhecido, e vou transcrever na íntegra para que fique marcada aqui a trajetória do músico que partiu para o plano espiritual nesta segunda-feira (11).
E ele assim escreveu:
"A coluna Saca o Som dessas próximas semanas vai contar a história de um de um dos maiores músicos, arranjador, produtor e diretor
musical que a Bahia já conheceu, Ademar Andrade. Para os mais jovens,
talvez esse nome não signifique nada, mas para quem viveu intensamente
os carnavais da década de 1980 e presenciou o nascimento da Axé Music,
sabe que a música baiana jamais seria a mesma sem a influência de Ademar
e da banda Furta Cor.
Para
se ter uma ideia, até o início dos anos 80, a música executada no
Carnaval de Salvador era basicamente o frevo pernambucano eletrificado
pela guitarra baiana, instrumento criado pela dupla Dodô e Osmar, na
década de 1940, com o nome de “Pau Elétrico”, e que predominou por anos
na folia baiana.
Entretanto,
uma nova geração de músicos e donos de blocos começavam a ocupar,
literalmente, os espaços da avenida do Carnaval de Salvador. Era a
geração de meu pai, um verdadeiro apaixonado pela folia momesca,
envelhecendo e dando lugar a uma galera nova que buscava ouvir outros
ritmos durante os dias de festa.
Nessa
época, alguns blocos, como o Papa-Léguas, já contratavam bandas baile
(aquelas que tocam de tudo um pouco) para o Carnaval. Uma delas foi a
Made in Bahia, de propriedade do empresário Orlando Serravale, que se
apresentara no ano de 1983, sob o comando do tecladista Ademar Andrade.
“A gente
chegou na rua e não sabia o que fazer. Ninguém tocava guitarra baiana,
ninguém sabia as músicas de Moraes Moreira. A gente era uma banda baile.
Então, o que fizemos? Um grande baile nas ruas de Salvador”, revela
Ademar.
Oriunda
da cidade de Candeias, na Região Metropolitana de Salvador, a banda
Made in Bahia conquistou os foliões com um jeito novo de fazer Carnaval.
O sucesso foi tanto que Ademar Andrade, durante o ano de 1983, iniciou o
projeto de montar um grupo para tocar na festa do ano seguinte. Nascia
aí, a banda Furta Cor.
Formada
por Ademar Andrade (voz, teclados e direção musical), Waldyr Sassaru
(bateria), Toinho (guitarra), Robinho (guitarra baiana), Vaquinha
(baixo), Joãozinho, Zé Honório e Lennah (vocais), a Furta Cor já inovava
com três cantores fixos, além de Ademar que também cantava algumas
músicas.
Com
essa formação e com uma ajuda “divina” do dono da empresa de sonorização
Propago, João Claudio Oliveira, A Furta Cor, puxando o bloco
Papa-Léguas, emplacou três hits no Carnaval de 1984, Mensageiro da
Alegria (Gerônimo), Cometa Mambembe (Carlos Pitta/Edmundo Carôso) e Amar
Quem Eu Já Amei (Zé Ramalho). “A ideia de fazer da avenida um grande
baile continuou com a Furta Cor. Naquela época, também tocávamos os
grandes sucessos da Blitz, Lobão, Fagner, entre outros”, lembra Ademar
Andrade.
Poucas
pessoas sabem, mas, foi a partir desse Carnaval que a música baiana
começou a se modificar. Ademar Andrade, por ser um exímio músico, deu
destaque ao teclado nos arranjos e nos solos das canções, deixando a
guitarra baiana, até então soberana, em segundo plano. Além dele, outros
competentes tecladistas como Zé de Henrique (Cheiro de Amor), Luizinho
Assis (Gerônimo) e Alfredo Moura (Luiz Caldas) também foram responsáveis
por forjar a sonoridade da primeira fase do que mais tarde viria se
chamar a Axé Music, alcunha dada pelo jornalista baiano Hagamenon Brito".
Ademar Furtacor - Ave Maria de Gounot
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