domingo, 22 de agosto de 2021

Mary Bethune - uma emocionante lição de vida

 

A impressionante história de uma menina negra, que trabalhava em uma fazenda de algodão, com os pais, e se transformou em uma importante autoridade educacional, reconhecida e homenageada por presidentes dos Estados Unidos.

Tanto se fala hoje de igualdade racial, citando-se nomes de pessoas que têm encetado esforços nesse sentido, mas geralmente, há um que passa despercebido, no que pese a sua importância na história dos Estados Unidos e por consequência do mundo contemporâneo, pela contribuição inestimável aos seus concidadãos.  Mary Macleod Bethune,  teve importante participação na vida de Daytona Beach, comunidade da  Flórida, embora essa não fosse sua terra natal. Ela nasceu em 1875 em uma fazenda de cultura do algodão em Mayesville, Carolina do Sul. Seus pais haviam obtido a alforria, mas continuaram trabalhando nas terras dos seus antigos patrões.

Mary  Bethune fazia parte de uma família de 15 filhos e sua mãe, que lavava roupas para os senhores, via nela algo diferente: “Mary tem um espírito de escola, ou vai longe ou vai sofrer muito”, dizia. Não se enganou. Um dia  quando ela pegou um livro, na casa de uma senhor, um menino branco disse que ela deixasse o livro pois não sabia ler. Na volta para casa Mary disse para a mãe, “quero aprender a ler”. Na época não havia escolas para negros em Mayesville.

Dois anos depois, aos nove anos de idade, quando  enchia uma saca de algodão Mary foi surpreendida por uma senhora de cor que disse chamar-se  Miss Wilson. Ela era presbiteriana e abriu uma humilde escola a oito quilômetros do lugar. Aos 12 anos Mary concluiu o curso primário, todavia teve que voltar a trabalhar nos algodoais porque a escola mais próxima ficava a quase 500 quilômetros. Na fazenda passou a puxar o arado devido à morte do burro Old Bush (bucha velha). Mas a vida tem surpresas e miss Wilson informou que uma bondosa senhora, miss Mary Crissman, em Denver, Colorado, havia feito uma reserva (pequena economia), com o objetivo de educar uma jovem de cor. Mary Bethune então foi indicada pra estudar no Seminário de Scotia, na Carolina do Norte.

Ali foram sete anos de estudo. Em 1894 Mary ingressou no Moody Institute de Chicago, onde com ajuda de miss Crissman estudou mais um ano e logo começou a  ensinar  em pequenas escolas para negros  na região sul dos Estados Unidos. Casou-se aos 24 anos com Albert Bethune e foi residir em Savannah, na Geórgia. A construção da estrada de ferro da Costa Oriental da Flórida estava sendo feita por operários negros, em sua grande maioria.

Mary partiu com um filhinho de quatro anos para Daytona Beach, alugou uma “tapera desocupada”, verdadeiro pardieiro, que conseguiu melhorar e instalou sua escola. Para pagar o imóvel vendia bolinhos pela cidade enquanto procurava alunos. Começou com cinco crianças. A aula inicial da Escola Primária e Industrial  para Moças Negras de Daytona, em 3 de outubro de 1904, foi acompanhada por poucas  pessoas desinteressadamente.

Logo o número de crianças maltrapilhas aumentou. Com ajuda financeira de brancos ricos, ela conseguiu adquirir um terreno na área que havia sido depósito de lixo e  com a  ajuda de operários  negros, voluntários, construiu o novo prédio inaugurado em 1907 com o nome de Faith Hall (Palácio da Fé).Os alunos fizeram de um brejo uma horta e com venda dos produtos a escola era  mantida. Alguns fregueses que admiravam o trabalho deram duas vacas, três porcos e um burro.

O Faith Hall foi se transformando e em 1916 um belo edifício foi erguido denominado White Hall, em homenagem ao empresário Thomas White, que legou uma boa soma em dinheiro para a escola. Na inauguração esteve presente o vice-presidente dos Estados Unidos,  Thomas Marshall, dentre outras autoridade. A fala de Mary Bethune foi delirantemente aplaudida.

         No início da década de 1920, preocupada com o destino da instituição depois que ela morresse, a professora Mary doou a escola a Igreja Episcopal Metodista e com uma fusão surgiu o Bethune Cookman College. Mary Bhetune  tornou-se uma importante autoridade na área educacional nos Estados Unidos, sendo convidada para proferir palestras em reuniões de brancos e de negros. Em um ano ele falou em  mais de 500 assembleias em 40 estados norte-americanos. Os presidentes Hoover e Franklin Roosevelt, reconheceram o seu trabalho. Em 1935  foi-lhe outorgada a Medalha Spingarn: “Ao mais alto e nobre empreendimento de um negro americano”.  

 

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