quarta-feira, 25 de agosto de 2021

Nós e Eles

Tive um sonho bem interessante. Eu estava no vestiário de um ginásio de esportes, após um jogo de basquete e brincávamos de encestar bolas numa cesta estrategicamente colocada no vestiário. O jogo havia terminado, mas a gente continuava ali naquela resenha pós jogo e um dos jogadores tentavam acertar um arremesso de costas. Não éramos profissionais e sim amadores, e havia gente de todas as idades, nacionalidades, raças, religião e ideologias políticas. O jogador que tentava acertar o arremesso de costas era um conhecido professor de Feira de Santana, e todos em voltam o incentivavam a tentar o arremesso, o que ele fazia, diga-se de passagem, com uma certa má vontade.

Ele previa que errava mesmo de propósito e eu, como sempre, chutei o pau da barraca: “Você não acerta porque não quer”, afirmei meio irritado. Ao meu lado um jogador já de meia idade, um mulato bigodudo e meio careca, apoiou a minha afirmativa. Irritado, o professor exclamou: “Você sempre contesta o que eu faço e esse seu amigo sempre lhe apoia. Não sei por que são tão amigos. Por que eu erraria de propósito”?  - eu lhe digo. Exclamei. Porque você é comunista, e gosta de contrariar a maioria. Todo mundo aqui sabe e diz que você é capaz. Por isso você erra. Só pra contrariar e tentar mostrar pra todo mundo que você está certo sempre.

E se você quer saber por que nós somos amigos, eu lhe digo. Veja só. Eu sou branco e ele é mulato, eu sou jornalista e ele é vendedor, eu sou espiritualista e ele é católico, somos diferentes em quase tudo, e uma das poucas coisas que somos parecidos é que somos libertários, democratas. E gente como nós se completa, porque aceitamos todos como iguais, inclusive com as diferenças sejam quais forem elas. Nós conversamos, argumentamos, trocamos ideias e falamos sobre ideais, e tudo ou pouco que tivermos terá sido fruto do nosso trabalho, porque somos trabalhadores.

Agora olhe pra você. É sadio e inteligente, mas não gosta de trabalhar. Se acha superior aos seus semelhantes e vive tentando provar que é, sem obter êxito. Quer que toda riqueza produzida por quem trabalha seja dividida com gente como você, que não trabalha. Não sabe conviver com os diferentes e as diferenças e que impor o seu pensamento, a sua sonhada ideologia a todos que o cercam. Mas ninguém lhe tira o direito de tentar. E esse é o perigo, porque se gente como você, mentindo e enganando, conseguir convencer a maioria de vocês estão certos e, se conseguirem chegar ao poder, logo vão tratar de escravizar os incautos para que passem o resto de suas vidas trabalhando para sustentar gente da sua laia. E não vão demonstrar nenhum remorso, nenhuma piedade, por terem feito isso. E os seus amigos são os que são exatamente como você e não admitem o contraditório, querem sempre impor a vontade de vocês, ainda que estejam em minoria. Mas, como já se disse, o comunismo termina quando o dinheiro dos outros acaba.

Nenhum comentário: