Foi segurando um abacaxi que a maranhense Emylla de Sousa, de 23 anos, fez a sua colação de grau em enfermagem na última sexta-feira em Teresina, no Piauí.
O abacaxi foi uma homenagem aos pais dela, que são agricultores e venderam a vida toda a fruta para incentivar e bancar as despesas da graduação da filha.
“Desde pequena ela sonhava em estudar e, para nossa comunidade, de dentro da roça, era um sonho quase impossível”, contou toda feliz a mãe, Erislandia Alves de Sousa, 42 anos.
Ela lembra que foram muitos abacaxis para pagar moradia e todas as despesas da filha durante todos esses anos.
Fruta foi o sustento da família
Emilly é natural de São Domingos, interior do Maranhão e sonhava desde criança em estudar em Teresina.
Para realizar esse sonho, os pais começaram a plantação de abacaxi, mesmo em quantidade pequena.
Então, foram aumentando a plantação e passaram a vender no Ceasa em Teresina. Todos os dias, eles e a filha percorriam mais de 240 km para vender a fruta.
“Ela ia com a gente, via aquele movimento todo e foi então que esse sonho ficou mais intenso ainda, de morar em Teresina e fazer uma faculdade”, lembrou a mãe.
Curso e bolsa
Já no ensino médio, depois de alguns testes vocacionais e pesquisando sobre a carreira, ela decidiu pela enfermagem.
Em seguida, se dedicou, e conseguiu Fies e bolsa de 70% pelo Prouni.
“A mensalidade não foi paga integralmente com a venda do abacaxi porque tinha a bolsa, mas minhas xerox do curso e todo o resto era da venda dos abacaxis. Eu mesma vendi muito abacaxi na faculdade, pros meus colegas”, disse.
Coordenadora do curso de enfermagem da faculdade onde a jovem estudou, a professora doutora Karla Joelma Bezerra, disse que a estudante sempre se destacou pela dedicação.
Desafios
A mudança de cidade também exigiu que Emylla superasse um trauma. Vítima de abuso sexual aos 9 anos de idade, a garota teve de enfrentar o desafio de morar sozinha em uma cidade desconhecida.
Devido a isso, a jovem enfermeira se especializou na área de estomaterapia dentro da enfermagem – que cuida do tratamento de feridas e fístulas.
“Fazer enfermagem pra mim é ter esse objetivo de futuramente poder ajudar outras meninas a se curarem de abusos sexuais na infância ou adolescência”, disse.
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