Pesquisadores
de quatro instituições, sob a liderança do Instituto Senai de Inovação
em Química Verde (ISI QV), desenvolveu um teste molecular rápido para
diagnóstico da covid-19, cuja produção em série deverá ser iniciada até o
final deste ano pela empresa parceira do projeto, a Scienco
Biotecnologia, de Santa Catarina. O pesquisador-chefe do ISI QV, Antonio
Fidalgo, destacou hoje (4), em entrevista à Agência Brasil,
que o ineditismo da descoberta está no fato que ela poderá ser aplicada
para qualquer outra doença viral. O ISI QV é ligado à Federação das
Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).



A fórmula trabalhada usa estratégia de
pontos quânticos para detectar a presença do novo coronavírus e poderá
ser adaptada para qualquer outra forma diagnóstica, sustentou o
pesquisador-chefe. “Conseguimos desenhar uma molécula que fosse capaz de
reconhecer o vírus. No momento em que esse reconhecimento acontece, a
gente verifica um sinal fluorescente. Ele se torna rápido porque isso é
imediato”.
No momento em que o pesquisador pega uma
amostra que contém o vírus e coloca na solução criada, a supressão da
fluorescência é imediata. “Ele se transforma em um teste molecular
semelhante à metodologia padrão ouro de hoje PCR, só que com resultado
praticamente imediato”, salientou Fidalgo. A presença do vírus pode ser
detectada nas hastes de coletas das secreções da garganta e do nariz,
chamadas Swabs. As hastes são armazenadas em tubos coletores
com reagentes, que mudam de cor ou têm alterada sua natureza
fluorescente no caso de o vírus ser detectado.
Embora acredita que a nova fórmula não vai
substituir a testagem padrão ou o PCR, porque existe um protocolo de
confirmação do resultado, Fidalgo avaliou que a estratégia molecular que
o ISI QV e seus parceiros desenvolveram vai ser mais confiável que os
testes rápidos que estão disponíveis atualmente, com a vantagem de ser
mais ágil e baratear a testagem. O objetivo do trabalho foi desenvolver
estratégias para combate à covid-19 e aumentar a capacidade de testagem
da população.
Ajustes finais
A nova fórmula passará ainda por alguns
ajustes finais nos próximos dois ou três meses, para que a Science
Biotecnologia, que é a parceria comercial, possa pensar como vai fazer a
produção e a distribuição do novo teste molecular rápido. A expectativa
é que o teste imediato esteja disponível para o mundo até dezembro. A
bioquímica da Universidade do Estado de Santa Catarina e diretora da
Scienco, Maria de Lourdes Magalhães, analisou que a grande vantagem é
que se trata de um “teste de custo reduzido, tecnologia nacional, fácil
de usar, permitindo a detecção imediata do vírus e não necessita de uma
mão de obra altamente qualificada para a manipulação da formulação”.
O projeto foi desenvolvido em três meses,
usando tecnologia 100% nacional, e teve financiamento do Departamento
Nacional do Senai e da Associação Brasileira de Desenvolvimento
Industrial (ABDI). Participaram também pesquisadores das Universidades
Federal do Rio de Janeiro, Federal Rural do Rio e Universidade Estadual
de Santa Catarina, sob a liderança do ISI QV. Mais de 40 pesquisadores
dos quatro institutos estiveram envolvidos no projeto.
O edital estabeleceu que todas as
informações são públicas, o que quer dizer que qualquer empresa ou
laboratório do Brasil e do mundo pode produzir igualmente o novo teste,
se tiver interesse e sem pagar nada por isso. “É um projeto de inovações
abertas. Tudo o que foi produzido aqui não será patenteado e será
público”. Qualquer um que quiser desenvolver a mesma molécula ou usar a
mesma estratégia terá os dados disponíveis. O objetivo é ampliar a
testagem em massa, que é essencial para o controle da covid-19, destacou
Antonio Fidalgo. (Agência Brasil)
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