Feira
de Santana sempre teve grandes homens, políticos dotados de “espírito Público”.
Pessoas que se dedicavam à vida pública apenas com o intuito de contribuir para
o bem comum. São pessoas como o Coronel Bernardino Bahia, que construiu uma
praça com dinheiro do próprio bolso. Dr. Kalili, embora não sendo político,
construiu a praça onde residia que em sua homenagem foi chamada de Praça da
Kalilândia. Outros como o Dr. Sisnando Lima, que não mandava recado a
vagabundo, e ia lá e resolvia pessoalmente o problema. O que dizer então de
João Marinho Falcão, que não era político, mas aceitou dividir o seu tempo
entre os seus negócios, que não eram pequenos nem poucos, para ser prefeito e
recuperar a cidade arrasada por más administrações. Vamos falar um pouco sobre
estes homens.
Espírito Público
João Marinho Falcão |
Em 1954 a União Democrática Nacional (UDN) conseguiu derrotar o PSD na
cidade elegendo para o executivo João Marinho Falcão, um grande empresário
local, que tinha negócios principalmente na área comercial. Foi eleito
vereador, no mesmo pleito, João Durval Carneiro. Estes dois homens tiveram
fundamental importância para o desenvolvimento econômico de Feira de Santana. João
Marinho Falcão foi convidado por uma comissão de próceres da política local
para ser um candidato de consenso, de um movimento que pretendia unificar as
forças políticas locais para eleger um prefeito inteligente, capaz e honesto,
que levantasse o município, combalido por administrações desastrosas. Aos 60
anos, ele, que não era político sentiu-se no dever de fazer algo pela sua
cidade e aceitou o desafio.
Logo no primeiro ano da sua administração abdicou do seu salário de
prefeito e convidou os vereadores a fazerem o mesmo, até que as finanças se
equilibrassem, mas apenas os vereadores Joselito Falcão de Amorim (primo) e
Wilson da Costa Falcão (filhos) aceitaram o convite. Para que se faça uma ideia
melhor sobre a honestidade de João Marinho Falcão, há um episódio emblemático:
Quando recebeu o presidente Juscelino em sua casa para um banquete com
correligionário, logo após, o tesoureiro da Prefeitura o procurou para saber
como seria lançada a despesa, e ouviu dele: “A Prefeitura não tem nada a pagar.
Quando recebo em minha casa, quem paga sou eu”. Um outro episódio revela a
firmeza do seu caráter. O governador Antônio Balbino já tivera com ele diversas
audiências para tratar de uma obra de esgotos, sem que nada se resolvesse. Na
última delas, João Marinho foi direto ao assunto: Governador, não engano e nem
gosto de ser enganado. Feira de Santana necessita dessa obra. Quero que o
senhor diga se pode ou não fazê-la. Meu tempo é precioso demais para ficar
recebendo promessas que não serão cumpridas!
Desenvolvimento
No campo social ele foi fundador da Associação Comercial de Feira de
Santana, primeiro presidente do Rotary Internacional e presidente da Sociedade
Filarmônica 25 de março. Pode parecer pouco, mas a cidade era pouco mais que
uma vila, com menos de 50 mil habitantes, na sede, e economia embasada no
comércio e agropecuária, e a pequena infraestrutura por ele montada seria o
início da construção da base para o que a cidade viria a ser no futuro.
Mas foi no campo empresarial que ele mais se destacou e contribuiu
diretamente para o crescimento da economia e desenvolvimento do município. Além
do seu grande armazém, que era o centro de distribuição de todo o tipo de
mercadorias para as cidades da região, ele era correspondente de bancos da
Bahia e Sergipe, vindo inclusive a fundar o Banco da Administração. Como grande
comprador de açúcar, veio a comprar a usina Itapetingui, que embora hoje esteja
desativada ainda pertence à família.
João Marinho Falcão nasceu em Feira de Santana no dia 13 de maio de
1893, filho de Viriato Vasco Marinho e Alexandrina Ribeiro Falcão. Fez apenas o
curso primário. Perdeu o pai aos 4 anos e a mãe aos 18 e sempre teve que
trabalhar para ajudar a sustentar os irmãos. Entrou para o comercio como
empregado e depois virou sócio, tendo construído um grande império financeiro
na cidade. Faleceu no dia 29 de novembro de 1971, aos 78 anos.
Praça da Kalilândia |
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