segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Aniversário da Princesa



                Feira de Santana sempre teve grandes homens, políticos dotados de “espírito Público”. Pessoas que se dedicavam à vida pública apenas com o intuito de contribuir para o bem comum. São pessoas como o Coronel Bernardino Bahia, que construiu uma praça com dinheiro do próprio bolso. Dr. Kalili, embora não sendo político, construiu a praça onde residia que em sua homenagem foi chamada de Praça da Kalilândia. Outros como o Dr. Sisnando Lima, que não mandava recado a vagabundo, e ia lá e resolvia pessoalmente o problema. O que dizer então de João Marinho Falcão, que não era político, mas aceitou dividir o seu tempo entre os seus negócios, que não eram pequenos nem poucos, para ser prefeito e recuperar a cidade arrasada por más administrações. Vamos falar um pouco sobre estes homens.


Espírito Público

João Marinho Falcão
         Em 1954 a União Democrática Nacional (UDN) conseguiu derrotar o PSD na cidade elegendo para o executivo João Marinho Falcão, um grande empresário local, que tinha negócios principalmente na área comercial. Foi eleito vereador, no mesmo pleito, João Durval Carneiro. Estes dois homens tiveram fundamental importância para o desenvolvimento econômico de Feira de Santana. João Marinho Falcão foi convidado por uma comissão de próceres da política local para ser um candidato de consenso, de um movimento que pretendia unificar as forças políticas locais para eleger um prefeito inteligente, capaz e honesto, que levantasse o município, combalido por administrações desastrosas. Aos 60 anos, ele, que não era político sentiu-se no dever de fazer algo pela sua cidade e aceitou o desafio.

Logo no primeiro ano da sua administração abdicou do seu salário de prefeito e convidou os vereadores a fazerem o mesmo, até que as finanças se equilibrassem, mas apenas os vereadores Joselito Falcão de Amorim (primo) e Wilson da Costa Falcão (filhos) aceitaram o convite. Para que se faça uma ideia melhor sobre a honestidade de João Marinho Falcão, há um episódio emblemático: Quando recebeu o presidente Juscelino em sua casa para um banquete com correligionário, logo após, o tesoureiro da Prefeitura o procurou para saber como seria lançada a despesa, e ouviu dele: “A Prefeitura não tem nada a pagar. Quando recebo em minha casa, quem paga sou eu”. Um outro episódio revela a firmeza do seu caráter. O governador Antônio Balbino já tivera com ele diversas audiências para tratar de uma obra de esgotos, sem que nada se resolvesse. Na última delas, João Marinho foi direto ao assunto: Governador, não engano e nem gosto de ser enganado. Feira de Santana necessita dessa obra. Quero que o senhor diga se pode ou não fazê-la. Meu tempo é precioso demais para ficar recebendo promessas que não serão cumpridas!



Desenvolvimento

No campo social ele foi fundador da Associação Comercial de Feira de Santana, primeiro presidente do Rotary Internacional e presidente da Sociedade Filarmônica 25 de março. Pode parecer pouco, mas a cidade era pouco mais que uma vila, com menos de 50 mil habitantes, na sede, e economia embasada no comércio e agropecuária, e a pequena infraestrutura por ele montada seria o início da construção da base para o que a cidade viria a ser no futuro.

Mas foi no campo empresarial que ele mais se destacou e contribuiu diretamente para o crescimento da economia e desenvolvimento do município. Além do seu grande armazém, que era o centro de distribuição de todo o tipo de mercadorias para as cidades da região, ele era correspondente de bancos da Bahia e Sergipe, vindo inclusive a fundar o Banco da Administração. Como grande comprador de açúcar, veio a comprar a usina Itapetingui, que embora hoje esteja desativada ainda pertence à família.

João Marinho Falcão nasceu em Feira de Santana no dia 13 de maio de 1893, filho de Viriato Vasco Marinho e Alexandrina Ribeiro Falcão. Fez apenas o curso primário. Perdeu o pai aos 4 anos e a mãe aos 18 e sempre teve que trabalhar para ajudar a sustentar os irmãos. Entrou para o comercio como empregado e depois virou sócio, tendo construído um grande império financeiro na cidade. Faleceu no dia 29 de novembro de 1971, aos 78 anos. 


Praça da Kalilândia




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