Infelizmente vai se estabelecendo no país um debate sobre a vacinação
quando deveria ser consensual. A discussão teve início quando o
Presidente Bolsonaro disse que ninguém poderia obrigar ninguém a tomar
vacina, pois, não seria irresponsável de injetar uma vacina sem
comprovação científica.
Uma coisa é se uma vacina tem qualidade; outra coisa, é a
obrigatoriedade de uma vacina. São duas discussões diferentes. Caso o
presidente ache que uma vacina não tem comprovação científica, basta que
a Anvisa não libere. Ou se a Anvisa liberar sem ter comprovação, o
governo foi irresponsável. Ponto, fim.
Então, vamos a segunda discussão. Existindo uma vacina com comprovação
científica de eficácia e segurança, aprovada pela Anvisa, mesmo assim o
governo sugere desobedecer a obrigatoriedade ( a lei 13979/20, a Lei
do Coronavírus, assinada pelo governo permite que ele decrete a
compulsoriedade) que nos permitiria atingir a famosa "imunidade de
rebanho", e retomar plenamente as atividades? Definido que sim, pois, é
democracia, segundo eu vi alguns dizendo, isso libera o direito de cada
um fumar onde quiser, não usar cinto de segurança, dirigir bebendo, ou
não?
Não, não é questão de democracia, embora exista um bom debate
universal sobre direito individual e coletivo ( saúde pública) e os
limites de ação do governo. Há questões que merecem a intervenção do
Estado sobre o direito individual ou devemos optar pela anarquia
completa?
Então, não vamos confundir a questão A com B. Havendo uma vacina que
CUMPRA os rigores da ciência , nesse caso, o governo deveria decretá-la
compulsória. Se a vacina, como a da Russia, não tiver os protocolos de
controle, como até o momento, o governo deve não liberar.
O que o governo não deve é ficar fazendo sofisma com a informação,
estimulando a anti-vacinação, que tem permitido o ressurgimento de
doenças que já estavam extintas.
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