sexta-feira, 4 de setembro de 2020


Falsos mendigos
         Um amigo me disse há décadas:  “Não dou dinheiro a ninguém. Pra ter o meu dinheiro a pessoa tem que fazer algo para merecer”. Ainda adolescente e cheio de altruísmos próprios da idade, eu achei aquilo mesquinho, absurdo. Mas logo a vida me mostrou como ele estava certo e eu errado. Não sou tão radical. Se identifico uma real necessidade, não poupo esforços para auxiliar a quem necessita. Mas, pedintes de um modo geral, não dou dinheiro. Tá com fome?  Pede uma comida aí que eu pago. Precisa comprar remédio? Me dê a receita que vou providenciar. Quer tomar uma? Pede aí que eu pago. Mas, dinheiro, eu não dou. E, acima de tudo, não dou comida na porta da minha casa. Porque logo vai faltar pra mim e pra minha família, tamanha a concentração de pedintes.  Vi,  numa instituição que serve almoço e janta (entre outros auxílios) para moradores de rua, comerciantes ambulantes entrando na fila para não pagar um PF. Maura conta, rindo, que numa noite em um bar da cidade, eu deixei que engraxassem meus sapatos cinco vezes. Mas, dinheiro gratuito eu não dei. Faça por merecer. Outra coisa que ela conta aos meus amigos, é sobre um casal de hippies que me pediu comida no mercado de Arte Popular aqui em Feira de Santana, no Box de Zeca de Yemanjá. Eu disse a Zeca que podia servir ao casal. Eles comeram, me agradeceram e foram embora. Quando veio a minha conta, o “rango” do casal foi mais caro que a nossa conta de bebidas e tira-gostos (com mentiras e tudo). Mas, foi alta. O menino na barriga estava faminto, coitado. Uma reportagem feita por um canal de TV confirma o quanto eu estou certo em seguir a lição aprendida com aquele amigo há tantos anos. 
Vejam a seguir:


Terremoto
         Sempre se disse que no Brasil não tem terremoto. Mas é porque aqui nunca houve um grande abalo sísmico digno de registro. Mas cientistas revelam que tremores são registrados diariamente, mas são tão pequenos que passam desapercebidos. Desde que me lembro das coisas, nesses meus mais de 60 anos, li ou ouvi falar de um tremor de terra no Ceará, e mais recentemente , aqui na Bahia, em Caetité. Esse tremor que aconteceu agora, de 4,6 graus, já chegou a causar danos materiais, mas sem vítimas. Era de se esperar. Além das placas tectônicas estarem em constante movimento, há muita interferência humana, como extração de gás e petróleo, e a extração de água e minerais do subsolo, deixando imensos buracos vazios. É previsível que as camadas de terra irão se acomodar e isso afetará a superfície. Além disso, falando como leigo, eu acredito que os eventos que fizeram a terra inclinar dois ou três graus do seu eixo (como o tsunami do Japão), isso poderá acarretar acomodações das placas tectônicas e causar tanto terremotos como maremotos e erupções vulcânicas. Mas, o curioso é como a patuleia encara estes fatos. Perece até causar euforia e alegria, como se tivéssemos entrado para o seleto clube de países sujeitos a estes desastres naturais. Eu, hem?

Racismo
         É falso dizer que no Brasil não existe racismo. Existe sim. Sempre existiu e creio que, infelizmente ainda existirá por muito tempo. Engana-se também quem pensa que ele parte apenas de branco em relação a negros, porque a recíproca também é verdadeira. Eu mesmo já fui vítima de racismo por parte de negros. Mas prefiro crer que tudo isso fica na conta da ignorância e mau humor predominante na maioria das pessoas atualmente. Tudo é motivo para agressões preconceituosas com base na cor da pele. São notórias as cores “Branquelo” e “Preto filho da Puta”. A raiz de tudo está, além do período escravocrata, e culmina na condição social. Aí o negro rico, vira “doutor” e o branco pobre vira “pé rapado” ou “Zé ninguém”. Eu sempre conto a estória que me aconteceu e que resolveu esse problema pra mim. É que eu fui cantar uma menina na escola e ela me repeliu agressiva: “Sai daqui seu amarelo empapuçado”. Pronto. Dali em diante minha cor passou a ser “Amarelo Empapuçado”, que eu não quero briga com ninguém. Eu faço graça com essas coisas, mas na verdade é tudo muito triste. Peço a Deus que nos inspire e nos torne sempre mais unidos, solidários e humanos.

Semana da Pátria
         Graças a Deus eu fui educado pela minha família e frequentei boas escolas públicas, onde aprendíamos coisas como direitos e deveres, respeitar pai e mãe, respeitar os mais velhos, não pegar o que não era nosso, amar a Deus, a Pátria e ao próximo. Ensinamentos básicos para nos tornarmos homens e mulheres honrados e respeitado. Infelizmente, as pessoas que deveriam dar o exemplo, que é a melhor maneira de demonstrar o valor da educação, não o fizeram, e assim os valores que aprendemos na infância e juventude, foram ficando em segundo plano. Mas, como quem tem caráter dificilmente muda de opinião sobre certos conceitos e valores, eu não mudei. Por isso estranho quando chega a “Semana da Pátria”, evento que é festejado com galhardia e ufanismo em qualquer país civilizado, perde importância quando seu povo perde civilidade e civismo. Então eu estranho quando se aproxima o 7 de setembro, e eu não vejo quase ninguém falando sobre as comemorações da nossa data magna, o Dia da Independência do Brasil. Este ano há a desculpa da Pandemia, mas a data vem perdendo importância ano após ano. Nem mesmo nas escolas, percebemos a animação que era tão natural nos estudantes, em participar dos desfiles, interpretar personagens da nossa história ou tocar algum instrumento numa Banda Marcial. Triste do povo que não ama o seu país, a sua pátria. Vira presa fácil para todo tipo de aventureiro disposto a conquistá-lo. E um povo conquistado perde tudo. Pátria, família, posses e, principalmente a sua honra. E se não morre na luta, viverá como escravo, sem coragem de olhar nos olhos de ninguém, sempre chorando e olhando para o chão.

Bandeira
         Castro Alves disse: “Auriverde pendão da minha terra. Antes ver-te rota num campo de batalha, que servindo a um povo de mortalha”.
comemore você também o seu Dia da Pátria. 


Dica musical
                A minha dica musical hoje é, como não poderia deixar de ser, Manhãs de Setembro, com Vanusa (que voz!).  Além de bonita, a letra traz imagens, no mínimo, curiosas, tais como: Fui eu quem se fechou no muro e.... se guardou lá fora?  Como assim? Quem se guarda, se guarda do lado de dentro. Mas aí é que está a genialidade da coisa. Bota a gente pra pensar. Pensado bem, hoje os bandidos estão bem “presos” lá fora, e nós, soltos (?) dentro de casa. Ou então: “Fui eu quem conseguiu ficar e ir embora. Como assim? Ou se fica ou se vai. Mas eu conheço muita gente que foi embora, mas não foi. Ou ficou no coração de alguém, ou então não foi de verdade (!!!???). Pense! A pessoa também não viu o sol nem as lindas flores das manhãs de setembro. Mas, ainda assim, ela quer sair, falar, ensinar as pessoas a cantar. Quanto altruísmo, quanta solidariedade, quanto amor ao próximo. Para a maioria das pessoas é difícil e cansativo pensar no viu, ouviu, sentiu. Para elas dá muito “trabalho”. Mas eu faço parte da minoria que adora trabalhar para poder gozar melhor de tudo que a vida nos oferece. Ouçam:  

Philosopher
“Em lugar de vos queixardes por Deus se ter ocultado, rendei-lhe graças pelo fato de se haver manifestado tanto.”(Blaise Pascal).

O Arcebispo Emérito de Feira de Santana, D. Itamar Vian, em artigo publicado na imprensa esta semana (inclusive no blog Sempre Livre), questiona sobre o que aprendemos com esta Pandemia. Segundo ele, três lições estão Claras: A fragilidade da vida; A nossa igualdade em relação ao nosso próximo; A solidariedade que nos é inata. O desafio, segundo ele, agora é descobrirmos o que Deus quer de nós com esta pandemia. Para descobrir a vontade de Deus são necessários o discernimento, a paciência, a leitura da Palavra de Deus e a oração. Reflitamos sobre isso.        

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Por hoje é só que agora eu vou ali comemorar a minha Semana da Pátria, ainda que só e em casa. E enquanto posso.

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