segunda-feira, 16 de março de 2015

Aeroaperto

Hora do desembarque em Feira de Santana
  Inaugurei o aeroporto de Feira de Santana nesta sua nova fase. Fomos, eu e Maura, visitar nossa filha e netos em São Paulo. Sempre chego com antecedência a compromissos e, no caso do aeroporto de Feira, como era minha primeira vez, cheguei mais cedo ainda, prevendo alguma complicação, algum empecilho. No pequeno saguão, tudo bem, mas foi na sala de embarque que eu percebi que o aeroporto estava mais para “aeroaperto”.
Sala de embarque 'aeoraperto' de FSA
Feito o check in, nos acomodamos nas cadeiras disponíveis. Como chegamos cedo, havia poucas pessoas, mas eu fiquei matutando que pouco mais de 50 cadeiras não eram suficientes, afinal, a informação que eu tinha era de que os voos diários para São Paulo estavam partindo quase sempre lotados, ou seja, nunca menos de 100 pessoas.
Não deu outra. Meia hora antes do previsto para o embarque já tinha gente sentada pelo chão e os dois refrigeradores de ar não davam conta do recado. O calor era forte. E olha que o dia estava nublado. Conversava eu com um paranaense (e aí já meio envergonhado), quando ele me revelou que deveria ter embarcado no dia anterior, mas que o avião não pousou. “Como assim, não pousou?” – quis saber. Ele então me explicou que os funcionários da empresa aérea informaram que a pista tinha poças de água e em caso de alguma derrapagem, poderia ter algum acidente, uma vez que a pista é curta.
O avião foi desviado para pousar em Salvador, de onde a empresa providenciou o translado dos passageiros para Feira de Santana, de ônibus. “E os que não embarcaram”? Muitos foram levados para Salvador, de ônibus, onde pegariam um voo às 5 horas do dia seguinte. Os que puderam esperar, como o meu interlocutor, foram acomodados em hotéis da cidade para seguir no voo da tarde do dia seguinte. Como eu já disse, o dia estava nublado, e já fiquei imaginando se o avião pousaria ou não.
Mas ele pousou. Mas ficou parado lá na pista. Algum problema? Não. É que o aeroaperto não oferece espaço para o avião taxiar e tinha que ser rebocado por um trator até próximo ao portão de embarque.
 E lá vamos nós. Na porta do avião vi uma comissária de bordo com um terço na mão e uma medalhinha com a imagem de Santos Dumont na lapela, e pensei comigo: É hoje! O comandante então informou pelo rádio que iria fazer uma “manobra exótica”. (Jesus Cristo). O trator então veio e rebocou o avião, de ré, até a cabeceira da pista. Realmente, exótico. O “bicho” então roncou, roncou, partiu e decolou. Voou e começou a sacudir de um lado pro outro, como se estivesse derrapando ou livrando dos buracos da estrada que Zé Neto não mandou consertar.
         Chegamos a Campinas na hora prevista e um ônibus da empresa nos levou até a capital. Pista dupla, quadrupla em alguns trechos, lisinha, cem quilômetros em uma hora e meia sem percalços. E olha que choveu forte.
O puxadinho Vira Copos
         Quatro dias depois nossa maratona da volta começou às 8:30 quando o ônibus da empresa deixou o complexo viário da Barra Funda. Sem chuva, às 9:40 saltamos em Campinas, no aeroporto Viracopos. Chek in feito, bagagem despachada, na hora nos dirigimos à sala de embarque. Havia muitos portões, mas não encontrávamos o nosso. Fomos informados que ficava num “puxadinho” que fizeram para ampliar o número de portões. Rapaz! Vergonha foi aí. O “puxadinho” dos caras é dez vezes maior e mais confortável e organizado do que o aeroaperto da minha terrinha.

         Chegada em Feira no horário previsto, sem problemas, afora o fato de ficarmos esperando o bendito trator para nos rebocar até o portão de desembarque.
         Sei que vão dizer que eu reclamo de tudo, que não fico satisfeito com nada. E não me conformo mesmo. Essa estória de nunca teve e agora tem, é conversa mole pra boi dormir. Se é pra ter, que seja do bom. Não aceito migalhas. Pagamos a maior carga tributária do mundo, temos que exigir do bom e do melhor.

         Pra roubar, nossos governantes pensam grande, mas para investir são de uma mesquinhez que dói.

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