segunda-feira, 2 de março de 2015

Se vire nos trinta

            Antes de começar a ler esse texto, vou lhe dar apenas trinta segundos para você identificar apenas uma coisa que não tenha sido criada por Deus.
... tenho certeza que você falhou, e não é para menos. Tudo que existe, até aquelas coisas que nem imaginamos ou compreendemos, só teve um autor, Deus. Ele é único, nunca teve nem terá concorrente.
No Livro dos Espíritos, no Capítulo “Anjos e demônios”, está registrada a pergunta de número 131 que Kardec fez aos espíritos. “Há demônios, no sentido que se dá a esta palavra?”
            Os espíritos responderam: “se houvesse demônios, seriam obra de Deus. Mas, porventura, Deus seria justo e bom se houvera criado seres destinados eternamente ao mal e a permanecerem eternamente desgraçados? Se há demônios, eles se encontram no mundo inferior em que habitais e em outros semelhantes. São esses homens hipócritas que fazem de um Deus justo um Deus mau e vingativo e que julgam agradá-lo por meio das abominações que praticam em seu nome”.
Kardec reforça essa explicação informando que a palavra demônio não implica a idéia de Espírito mau. Daimon é um termo grego que significa gênio, inteligência imaterial, algo semelhante ao lendário gênio da lâmpada maravilhosa, Aladim.
Hoje, há alguns anos, após o archote do espiritismo ter sido aceso na França e, pouco tempo depois, sua coletânea de informações científicas sobre a espiritualidade terem se espalhado pelo mundo, ainda há resistência a certos conceitos. Não por eles serem duvidosos ou vazios, mas por baterem de frente com certos paradigmas culturais e religiosos poderosíssimos.
Muitas vezes kardec e os próprios espíritos se debateram em situações onde a melhor opção foi sair pela tangente.
O próprio Santo Agostinho usou bastante o que hoje podemos chamar de “semântica da espiritualidade”. São explicações espíritas, com viés que hoje são perfeitamente dispensáveis, mas que na época só poderiam ser popularizadas tal qual foi passada aos que precisavam alterar alguns conceitos sociais.
O que ele queria mostrar era que todos somos irmãos e quando os repugnamos ou os exploramos com trabalho escravo estamos nos aproveitando de fraqueza de um irmão carente de nosso apoio. Estamos de coração endurecido a serviço de “Mamom”, o deus do dinheiro.
Altair Veloso em sua música, “Em defesa de Alabê”, nos faz esse alerta.
“Às vezes, corações que ‘creem’ em Deus
São mais duros que os ateus e
Jogam pedras sobre as catedrais...” 
Se alguém tentasse unificar as catedrais justificando que Deus é um só e os caminhos são iguais para todos, correria o risco de um levante popular. Por enquanto o levante existe usando livros sagrados como instrumentos de ataque e defesa, mas diante de tantas tecnologias disponíveis no mercado, isso poderia mudar rapidamente.
Se o diabo existisse, seria obra de Deus e, sendo assim, ele nunca poderia disputar nem ter mais poder que o próprio Deus. Têm religiosos achando que, se Deus não tivesse o seu apoio e da sua igreja ele seria derrotado no primeiro Round.

Conrado Dantas

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