... tenho certeza que
você falhou, e não é para menos. Tudo que existe, até aquelas coisas que nem
imaginamos ou compreendemos, só teve um autor, Deus. Ele é único, nunca teve
nem terá concorrente.
No
Livro dos Espíritos, no Capítulo “Anjos e demônios”, está registrada a pergunta
de número 131 que Kardec fez aos espíritos. “Há demônios, no sentido que se dá
a esta palavra?”
Os
espíritos responderam: “se houvesse demônios, seriam obra de Deus.
Mas, porventura, Deus seria justo e bom se houvera criado seres destinados
eternamente ao mal e a permanecerem eternamente desgraçados? Se há demônios,
eles se encontram no mundo inferior em que habitais e em outros semelhantes.
São esses homens hipócritas que fazem de um Deus justo um Deus mau e vingativo
e que julgam agradá-lo por meio das abominações que praticam em seu nome”.
Kardec reforça essa
explicação informando que a palavra demônio não implica a idéia de Espírito
mau. Daimon é um termo grego que significa gênio, inteligência imaterial, algo
semelhante ao lendário gênio da lâmpada maravilhosa, Aladim.
Hoje, há alguns anos, após
o archote do espiritismo ter sido aceso na França e, pouco tempo depois, sua coletânea
de informações científicas sobre a espiritualidade terem se espalhado pelo
mundo, ainda há resistência a certos conceitos. Não por eles serem duvidosos ou
vazios, mas por baterem de frente com certos paradigmas culturais e religiosos
poderosíssimos.
Muitas vezes kardec e os
próprios espíritos se debateram em situações onde a melhor opção foi sair pela
tangente.
O próprio Santo
Agostinho usou bastante o que hoje podemos chamar de “semântica da
espiritualidade”. São explicações espíritas, com viés que hoje são
perfeitamente dispensáveis, mas que na época só poderiam ser popularizadas tal
qual foi passada aos que precisavam alterar alguns conceitos sociais.
O que ele queria mostrar
era que todos somos irmãos e quando os repugnamos ou os exploramos com trabalho
escravo estamos nos aproveitando de fraqueza de um irmão carente de nosso
apoio. Estamos de coração endurecido a serviço de “Mamom”, o deus do dinheiro.
Altair Veloso em sua
música, “Em defesa de Alabê”, nos faz esse alerta.
“Às vezes, corações que ‘creem’ em Deus
São mais duros que os ateus e
Jogam pedras sobre as catedrais...”
Se alguém tentasse
unificar as catedrais justificando que Deus é um só e os caminhos são iguais
para todos, correria o risco de um levante popular. Por enquanto o levante
existe usando livros sagrados como instrumentos de ataque e defesa, mas diante
de tantas tecnologias disponíveis no mercado, isso poderia mudar rapidamente.
Se o diabo existisse,
seria obra de Deus e, sendo assim, ele nunca poderia disputar nem ter mais
poder que o próprio Deus. Têm religiosos achando que, se Deus não tivesse o seu
apoio e da sua igreja ele seria derrotado no primeiro Round.
Conrado Dantas
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