Funcionários dos Correios tentam evitar por meio de uma batalha judicial
 e de greves que os participantes do Postalis, fundo de pensão da 
estatal, tenham redução de um quarto nos seus salários a partir de abril
 de 2015 pelo período de 15 anos e meio.
A conta é resultado de um déficit atuarial de R$ 5,6 bilhões no 
Postalis, controlado pelo PT e PMDB, provocado por investimentos 
suspeitos, pouco rentáveis ou que não tiveram ainda rendimento repassado
 ao fundo (leia texto ao lado). Também sob influência dos dois partidos 
políticos, o Funcef, dos empregados da Caixa Econômica Federal (CEF), e a
 Petros, da Petrobrás, contabilizam prejuízos bilionários.
Partiu do conselho deliberativo do Postalis a decisão de impor aos 
funcionários a contribuição extra que terá forte impacto sobre os 
salários. No primeiro momento, ficou definido um corte de 25,98% nos 
contracheques. O déficit será reavaliado a cada ano a partir do retorno 
dos investimentos e da expectativa de vida dos participantes. Um 
funcionário que tem salário de R$ 10 mil, por exemplo, receberá R$ 
2.598,00 a menos no final do mês apenas para cobrir o déficit, além o 
valor da contribuição definida. Vão pagar o porcentual extra os 
funcionários mais antigos, aqueles que entraram nos Correios até 2008. 
Isso equivale a 75% do pessoal da empresa.
Integrantes do fundo argumentam que o déficit bilionário é resultado da 
má administração dos investimentos dos últimos anos. Também acusam os 
Correios de não terem pago a dívida que têm com o Postalis. Por isso, a 
Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos
 e Similares (Fentect) entrará nesta segunda-feira com duas ações na 
Justiça Federal. A primeira contra a ECT para que a empresa reconheça 
que deve R$ 1,150 bilhão ao fundo e abata esse valor do cálculo do 
déficit que precisa ser equacionado. No outro processo, a federação quer
 que a estatal assuma o pagamento do déficit integralmente por entender 
que a responsabilidade pela má gestão dos ativos do fundo é da 
patrocinadora. 
"Esse novo reajuste repassa para nós a culpa da má administração do 
fundo", afirmou José Rodrigues dos Santos Neto, presidente da Fentect. 
Ligada à Central Única dos Trabalhadores (CUT), a federação diz reunir 
30 sindicatos, que representam 74 mil trabalhadores dos 120 mil dos 
Correios.
Na semana passada, carteiros de ao menos dez Estados brasileiros fizeram
 paralisação para protestar contra a contribuição extra definida pelo 
conselho deliberativo do Postalis. 
A Adcap (Associação Nacional dos Profissionais dos Correios) também irá 
ingressar com medida judicial. "Entendemos que os Correios deixaram de 
pagar essa dívida com o Postalis para maquiar o balanço e apresentar 
resultado positivo no ano passado", afirmou Luiz Alberto Menezes 
Barreto, presidente da entidade, que representa os profissionais de 
nível médio, técnico e superior. 
Extras. Os funcionários dos Correios e a empresa já 
fazem contribuições extras ao plano desde 2013 para cobrir o déficit de 
R$ 1 bilhão dos dois anos anteriores. Nesse período, foi descontado 
mensalmente do contracheque 3,94% do valor da aposentadoria, da pensão 
ou do valor previsto para o benefício - no caso dos servidores da ativa.
As contribuições extras, que subiram de 3,94% para 25,98%, são para 
equacionar o plano de benefício definido do Postalis, sob o risco de o 
banco e os dirigentes do fundo serem punidos pelo órgão regulador. Na 
conta foi incluída uma dívida dos Correios com o Postalis de 2008, da 
época em que o plano de benefício definido foi saldado. 
Os Correios fizeram o pagamento dessa dívida, em parcelas, de 2001 até 
março de 2014, mas interrompeu o pagamento por determinação do 
Ministério do Planejamento e do Tesouro Nacional. Os órgãos de controle 
concluíram que a estatal saldou integralmente sua parte com o término do
 plano definido. O R$ 1,150 bilhão restante, segundo o governo, 
constitui déficit atuarial e deve ser dividido a patrocinadora 
(Correios) e os funcionários. 
Ação. O Postalis tem um entendimento diferente. O fundo
 entrou com ação com pedido de tutela antecipada (liminar) contra os 
Correios para cobrança desse montante relativo às obrigações sobre o 
tempo de trabalho dos participantes antes da criação do plano.
Os Correios informaram, por meio de nota, que contrataram consultoria 
especializada para avaliar se o Postalis ou o governo tem razão.  (Estadão)

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