Experiência feita por cientistas do
governo americano constatou que o simples ato de falar com outra pessoa
é suficiente para expelir milhares de microgotículas de saliva contendo
SARS-CoV-2
Ao pronunciar a expressão “stay healthy” (“mantenha-se saudável”, em inglês), uma
pessoa expele até 360 microgotículas de saliva, que se projetam de
forma quase imediata – em 16,6 milissegundos (ou 0,016s) elas já estão
no ar, indo em direção ao interlocutor, ao qual podem transmitir o novo
coronavírus. Essas são as conclusões de um estudo assinado por três cientistas americanos, dois dos quais trabalham no National Institutes of Health (NIH), o órgão de pesquisas médicas do governo dos EUA.
Na experiência, os cientistas
usaram um feixe de laser para iluminar as microgotículas de saliva, que
foram filmadas com uma câmera de alta velocidade. Elas são invisíveis a
olho nu e têm em média 1 micrômetro
– ou seja, são muito menores do que as gotículas emitidas ao tossir ou
espirrar (50 micrômetros). Por isso, podem ser especialmente eficazes na
propagação do SARS-CoV-2, pois conseguem ficar em suspensão no ar por
mais tempo.

Número
de partículas expelidas durante o teste (à esq.); imagem capturada com
laser mostrando dispersão das microgotas no ar (à dir.) (NIH/Reprodução)
Os cientistas não mediram o período de
suspensão das microgotículas, nem a distância que elas podem alcançar.
Um estudo anterior revelou que o novo coronavírus permanece no ar por até 3 horas
(depois ele cai e se deposita nas superfícies, nas quais se mantém
viável por até 72 horas). Essa pesquisa usou vírus “puro”, não
microgotículas de saliva – que são mais pesadas, e por isso caem mais
rápido. Mas cada vez mais estudos têm apontado na mesma direção: a
propagação do SARS-CoV-2 pelo ar, ao contrário do que se imaginava no
começo da crise, é um fator decisivo no espalhamento do vírus.
Segundo os cientistas do NIH, a
descoberta pode ajudar a explicar a alta disseminação do novo
coronavírus, que provoca infeções assintomáticas, ou com sintomas leves,
em 50% a 80% dos casos. Indivíduos sem sintomas podem estar espalhando o
SARS-CoV-2 para outras pessoas ao falar com elas em locais públicos.
Durante a fase assintomática da doença, a carga viral no organismo pode ser tão alta quanto em pessoas que já desenvolveram a Covid-19.
Os pesquisadores refizeram o teste
utilizando uma máscara caseira – que se mostrou completamente eficaz
para barrar a liberação das microgotas de saliva. Para
eles, o uso de máscaras ou “qualquer tipo de cobertura da boca, por
todas as pessoas”, “bem como a estrita adesão ao distanciamento social e
à higiene das mãos”, podem ser essenciais para desacelerar a pandemia.
Isso condiz com as normas da maioria dos países, que desde a semana
passada têm recomendado que as pessoas cubram o nariz e a boca em locais
públicos.(Super Interessante)
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