Hoje vamos enfocar o folclore político e social da cidade com algumas historietas que animam as rodas de conversa entre amigos pelos bares e festas da cidade. São estórias que a História nunca contou e nunca irá contar, mas que perduram na memória coletiva da cidade.
Gozadores, velhacos, embusteiros e
outros espécimes
da vasta fauna política e social de
Feira de Santana
A
cidade é pródiga em produzir fatos pitoresco envolvendo figuras notórias da
sociedade. Geralmente envolvem políticos, artistas, bêbados, pervertidos, e não
escapam nem mesmo as mais respeitadas e respeitáveis autoridades. Mesmo as mais
estapafúrdias, guardam alguma verdade na sua origem, mas os gozadores
(humoristas amadores) sempre dão um jeito de apimentar o mais banal dos
acontecimentos, pra fazer com que as pessoas riam. E assim, vai se formando o
chamado “folclore” humorístico da cidade. Vamos a elas:
Nos
primórdios do século XX. o Coronel da Guarda Nacional, Álvaro Simões, costumava
se apresentar em eventos políticos e sociais, uniformizado. E nestas ocasiões,
ele sempre discursava e iniciava seus pronunciamentos sempre com a mesma frase:
“Na qualidade de representante das Forças Armadas... Conta-se que um certo dia,
acontecia um evento social (casamento, aniversário, algo assim), numa casa
localizada à avenida Sampaio, próximo ao cruzamento com a JJ Seabra. As casas
ali eram pequenas e sem jardins, sendo que a porta da frente dava diretamente
na calçada, assim como as janelas, quando havia alguma. O Coronel, na sala da
frente, postado de costas para a rua, iniciou o seu pronunciamento: Na
qualidade de representante das forças Armadas... Neste momento, um bêbado,
certamente um adversário político, meteu a cara pela janela que se encontrava
aberta, e bradou: Cala a boca, Álvaro Simões! Tu é um merda! Quem manda na
Feira é Seu Loló e Doutor Elpídio...
O
Monsenhor Renato Galvão (que empresta seu nome à praça da Catedral), estava
recém chegado a Feira de Santana. Ele era um tipo curioso. Estudioso,
inteligente, foi ele quem descobriu que a emancipação política da cidade estava
sendo comemorada na data errada. Ele era alto, gordo, e portador de uma imensa
barriga. O Dr. Félix Santana, médico, costumava fazer observações jocosas,
quando entre amigos, embora fosse um homem muito sério no trato com as demais
pessoas. E passava ele de carro, por traz da Igreja Matriz, na carona do seu
amigo, o fazendeiro Carlito Bahia, quando viu o Monsenhor Renato Galvão
caminhando pela calçada. Diante do tamanho do homem e da barriga que ostentava,
exclamou para o amigo: “Comandante! Não é qualquer freguesia que sustenta uma
barriga daquela! Ainda sobre Padre Galvão, um amigo meu me disse que estava em
uma festa numa fazenda e Galvão também estava presente. Como o padre tinha fama
de guloso, ele, brincando com a dona da casa, falou-lhe baixinho: Isa, dá uma
melancia pro padre comer, senão vai faltar comida na mesa. E ela: Já dei.
José Olympio com a empresária Ozana Barreto. Não resta dúvida de que contou alguma piada. |
Mas, Zé do O tinha um
outro lado que, com o passar do tempo ele foi perdendo, que era acumular
sentimentos e “explodir” na primeira oportunidade. Como ele andava sempre muito
tenso, alguém lhe disse que colocasse um aquário em seu escritório, porque
olhar e cuidar dos peixinhos era algo relaxante, e realmente é. Coube a mim a
tarefa de providenciar um aquário para
ele. Missão dada, missão cumprida, e lá estava um belo aquário azul, com muitos
peixinhos coloridos. Era notório também, que a cada explosão de fúria,
sobrevinha rapidamente um período de calmaria. O importante era que pudesse
extravasar a raiva acumulada. E conversando sobre isso com alguns amigos dele,
Sardinha (Nilton Lacerda), que era seu funcionário, inventou e eu incrementei a
seguinte estória que passou a ser contada nos bastidores da sociedade. Ele
teria chegado à loja furioso com algum acontecimento anterior, e procurava um
motivo para extravasar. Porém, os vendedores que não estava atendendo cliente, estavam
arrumando prateleiras. Os Boys estavam na rua à serviço. No escritório nenhuma
das funcionárias estavam desocupadas. Sem como desabafar em alguém, ele entrou
no escritório e parou em frente ao aquário e ficou olhando os peixinho, que
estavam parados, apenas batendo as nadadeira. Ele viu e explodiu: “Nada,
cambada de vagabundos. Pra que é que eu dou comida a vocês? Acabou a raiva.
Um comentário:
Relíquia imortal.
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