domingo, 6 de setembro de 2020

Aniversário da Princesa


        

Hoje vamos enfocar o folclore político e social da cidade com algumas historietas que animam as rodas de conversa entre amigos pelos bares e festas da cidade. São estórias que a História nunca contou e nunca irá contar, mas que perduram na memória coletiva da cidade.

Gozadores, velhacos, embusteiros e outros espécimes
da vasta fauna política e social de Feira de Santana

                A cidade é pródiga em produzir fatos pitoresco envolvendo figuras notórias da sociedade. Geralmente envolvem políticos, artistas, bêbados, pervertidos, e não escapam nem mesmo as mais respeitadas e respeitáveis autoridades. Mesmo as mais estapafúrdias, guardam alguma verdade na sua origem, mas os gozadores (humoristas amadores) sempre dão um jeito de apimentar o mais banal dos acontecimentos, pra fazer com que as pessoas riam. E assim, vai se formando o chamado “folclore” humorístico da cidade. Vamos a elas:
         Nos primórdios do século XX. o Coronel da Guarda Nacional, Álvaro Simões, costumava se apresentar em eventos políticos e sociais, uniformizado. E nestas ocasiões, ele sempre discursava e iniciava seus pronunciamentos sempre com a mesma frase: “Na qualidade de representante das Forças Armadas... Conta-se que um certo dia, acontecia um evento social (casamento, aniversário, algo assim), numa casa localizada à avenida Sampaio, próximo ao cruzamento com a JJ Seabra. As casas ali eram pequenas e sem jardins, sendo que a porta da frente dava diretamente na calçada, assim como as janelas, quando havia alguma. O Coronel, na sala da frente, postado de costas para a rua, iniciou o seu pronunciamento: Na qualidade de representante das forças Armadas... Neste momento, um bêbado, certamente um adversário político, meteu a cara pela janela que se encontrava aberta, e bradou: Cala a boca, Álvaro Simões! Tu é um merda! Quem manda na Feira é Seu Loló e Doutor Elpídio...
         O Monsenhor Renato Galvão (que empresta seu nome à praça da Catedral), estava recém chegado a Feira de Santana. Ele era um tipo curioso. Estudioso, inteligente, foi ele quem descobriu que a emancipação política da cidade estava sendo comemorada na data errada. Ele era alto, gordo, e portador de uma imensa barriga. O Dr. Félix Santana, médico, costumava fazer observações jocosas, quando entre amigos, embora fosse um homem muito sério no trato com as demais pessoas. E passava ele de carro, por traz da Igreja Matriz, na carona do seu amigo, o fazendeiro Carlito Bahia, quando viu o Monsenhor Renato Galvão caminhando pela calçada. Diante do tamanho do homem e da barriga que ostentava, exclamou para o amigo: “Comandante! Não é qualquer freguesia que sustenta uma barriga daquela! Ainda sobre Padre Galvão, um amigo meu me disse que estava em uma festa numa fazenda e Galvão também estava presente. Como o padre tinha fama de guloso, ele, brincando com a dona da casa, falou-lhe baixinho: Isa, dá uma melancia pro padre comer, senão vai faltar comida na mesa. E ela: Já dei.
        
Quem não conhecia de perto o empresário José Olympio Mascarenhas (Zé do O, para os íntimos), quando olhava para o seu semblante sério e introspectivo, nem de longe imaginaria o humorista criativo e brincalhão que ele na verdade era. Mesmo no trabalho, ou em sérias reuniões, ele não perdia oportunidade para fazer graça e descontrair o ambiente. E foi assim que durante uma reunião, onde se discutia o alto índice de acidente no cruzamento da Avenida Maria Quitéria com a Avenida Presidente Dutra, ele, com o rosto sério, pediu a palavra e falou: Eu gostaria de salientar, que eu sempre disse que cruzamento de Presidente Dutra com Maria Quitéria nunca iria resultar em nada de bom.
José Olympio com a empresária Ozana Barreto. Não resta dúvida de que contou alguma piada.
Mas, Zé do O tinha um outro lado que, com o passar do tempo ele foi perdendo, que era acumular sentimentos e “explodir” na primeira oportunidade. Como ele andava sempre muito tenso, alguém lhe disse que colocasse um aquário em seu escritório, porque olhar e cuidar dos peixinhos era algo relaxante, e realmente é. Coube a mim a tarefa de  providenciar um aquário para ele. Missão dada, missão cumprida, e lá estava um belo aquário azul, com muitos peixinhos coloridos. Era notório também, que a cada explosão de fúria, sobrevinha rapidamente um período de calmaria. O importante era que pudesse extravasar a raiva acumulada. E conversando sobre isso com alguns amigos dele, Sardinha (Nilton Lacerda), que era seu funcionário, inventou e eu incrementei a seguinte estória que passou a ser contada nos bastidores da sociedade. Ele teria chegado à loja furioso com algum acontecimento anterior, e procurava um motivo para extravasar. Porém, os vendedores que não estava atendendo cliente, estavam arrumando prateleiras. Os Boys estavam na rua à serviço. No escritório nenhuma das funcionárias estavam desocupadas. Sem como desabafar em alguém, ele entrou no escritório e parou em frente ao aquário e ficou olhando os peixinho, que estavam parados, apenas batendo as nadadeira. Ele viu e explodiu: “Nada, cambada de vagabundos. Pra que é que eu dou comida a vocês? Acabou a raiva.

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