segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

Crônica de Segunda

Mulher geniosa

Beto é um bom sujeito. Trabalhador, bom filho, bom amigo e até bom marido. O único defeito é que ele não pode ver um rabo de saia. Cláudia, sua esposa, também é boa pessoa, mas tem um gênio terrível. Com ela, o malandro do Beto tem que andar direitinho, senão, já sabe, ela chuta o pau da barraca e até o outro, se estiver por perto.

Mas o povo, na sua sabedoria, diz que “o que uma xereca não fizer, nada mais faz”. Pra um sujeito mulherengo, isso chega a ser um incentivo. E Beto armava as maiores tramas para enrolar Cláudia e “pular o muro”. Se ela algum dia desconfiou, nunca teve certeza, e malandro do Beto seguia dando suas “escapulidas”.

Trabalhando os dois fora de casa, Cláudia precisava de uma empregada doméstica. Todas que arranjara na cidade, lhe tinham causado problemas, e ela resolveu que buscaria uma no interior, na roça mesmo. Um dia, sua prima que mora no interior, lhe mandou uma mocinha, com boas recomendações. A moça tinha algo aí entre 18 e 20 anos, cor de jambo, cabelos e olhos pretíssimos, pernas bem torneadas, bumbum arrebitado e um par de seios que saltavam do decote generoso, quase furando a blusa com seus duros mamilos.

Talvez confiando no seu próprio “taco”, ou por não acreditar que o marido pudesse conspurcar o sagrado recinto do lar, Cláudia empregou a moça. Quando o malandro do Beto viu aquele pedaço de bom caminho (mau uma ova), enlouqueceu, mas não deixou transparecer nada. Porém, não perdia oportunidade para encher os ouvidos da moça com promessas mirabolantes, até de deixar a esposa para ir viver com ela.

A moça até que resistiu mas, como se diz, a carne é fraca, e ela acabou por cair na conversa do malandro. Um dia, o casal tomou o café da manhã e seguiu para o trabalho. Chegando lá, o malandro do Beto, alegando que iria visitar alguns clientes, pegou o carro e se mandou de volta pra casa. Foi chegando e caindo pra dentro dos braços da mocinha.

O que ele não esperava era que Cláudia, tendo esquecido alguns documentos em casa, voltou com um carro emprestado de um colega para busca-los. Quando ela abriu a porta do apartamento deu logo de cara com os dois no sofá. Não deu outra. Ela, ferida em seu orgulho de esposa traída, partiu pra cima da rival xingando, dando socos, pontapés, dentadas e unhadas, não faltando sequer o tradicional puxão de cabelos.

O malandro, já enrolado numa providencial toalha, assistia a cena, matutando o que ia dizer. Num lampejo, ele agarrou a esposa firmemente pelos braços, e a encarou gritando com voz enérgica: “Cláudia! Cláudia! Me escute!”

Ela, querendo acreditar que ele pudesse lhe explicar (e convencer) sobre o porque de tudo aquilo, parou e o encarou, olhando fixamente em seus olhos. Beto então lhe disse: “Puxa Cláudia, é por causa desse seu gênio que não fica uma empregada aqui em casa”.

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