quarta-feira, 24 de agosto de 2022

As greves uterinas

        

Foi por volta dos anos 70 que eu ouvi falar pela primeira vez em “explosão demográfica”. Para quem não sabe, é o fenômeno que ocorre quando a população cresce acima do esperado e do que os governos podem suportar. Ou seja: o número de habitantes ultrapassa a capacidade do governo em dotar a cidade, o estado, ou o país da infraestrutura necessária para educar, vestir, alimentar, tratar, sustentar a vida da população em condições mínimas de decência. Quando isso acontece, há uma degeneração total da sociedade. Aumenta a criminalidade, a violência sexual, cai o nível educacional, o respeito pelo próximo praticamente desaparece.

         Eu me lembro que o governo chinês preocupado com a ameaça de explosão demográfica no país, iniciou uma campanha de esterilização dos homens para evitar a reprodução humana. Para isso, oferecia um rádio de pilha a quem se deixava “vasectomisar”. Contudo, como é obvio, não deu certo. Hoje, há mais chineses no planeta do que pulgas em vira-lata.  Em compensação, alguns governos da Europa estão preocupados com a diminuição lenta e gradual das suas populações. As pessoas preferem adotar animais domésticos do que ter filhos. Diz-se ainda que um país como a China e o Afeganistão os pais preferem ter 20 ou 30 filhos enquanto europeus preferem ter um filho e um cachorro. Como se ver, as diferenças culturais estão desequilibrando as populações no planeta.

         O Brasil parece ser uma das raras exceções. Noto que em 1970, éramos apenas pouco menos de 100 milhões habitantes e 50 anos depois somos cerca de 200 milhões. Ainda assim, embora tenhamos um imenso território, o Governo já se preocupa em equilibrar a população com as áreas destinadas a educação, preservando o espaço livre do território para a produção de bens e alimentos. Por enquanto, estamos fazendo a nossa parte. Preservando nossos rios, florestas e caatingas e tentando produzir menos com o mesmo território disponível.

         Contudo, se os demais países não tomarem providências sérias, o futuro da humanidade estará ameaçado quanto a isto. Depende de nós fazer o que é certo e manter o nosso planeta em condições de sustentar a vida humana. Deus, na sua infinita bondade, pode interferir, fazendo com que as mulheres parem de parir, até que a população do mundo esteja equilibrada. Ou o Planeta possa, como preconizou Raul Seixas, agir como um cachorro, que, “quando não aguenta mais as pulgas, se livre dela num sacolejo”. Se nada disso não acontecer, um futuro não muito distante, algum alienígena lá do espaço profundo, poderá apontar seus telescópios na direção da terra, uma bola azul esverdeada com uma grande mancha amarela. O azul esverdeado é dos nossos mares e florestas, A mancha amarela é chinesa.       

 

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