sábado, 6 de agosto de 2022

O império que os poderosos astecas não conseguiram conquistar

As 'yácatas' (pirâmides) de Tzintzuntzan são circulares e únicas, feitas de pedra vulcânica - talvez as relíquias mais preservadas do povo purépecha

 "Este é o legado do nosso povo", dizia meu tio enquanto admirávamos as pirâmides.

Não estávamos no Egito, mas sim na cidade de Tzintzuntzan, Estado de Michoacán, no sudoeste do México.

As pirâmides, ou yácatas, elevando-se à nossa frente eram redondas e únicas, feitas de pedra vulcânica — talvez as relíquias mais preservadas dos purépechas, um grupo indígena pré-colombiano que, um dia, reinou por aqui, mas que a maioria das pessoas desconhece. De fato, eu nunca havia ouvido falar deles até poucos meses atrás, quando descobri que sou descendente direta daquele povo.

Nascida e criada na Califórnia, nos Estados Unidos, eu cresci sem conhecer essa parte da minha herança, que se perdeu na minha família com a morte do meu avô em 1978. Minha avó ficou com cinco filhos e sem rendimentos. Mas, depois de muito economizar, ela levou meu pai e seus irmãos do México para os EUA em 1983.

"Este é o legado do nosso povo", dizia meu tio enquanto admirávamos as pirâmides.

Não estávamos no Egito, mas sim na cidade de Tzintzuntzan, Estado de Michoacán, no sudoeste do México.

As pirâmides, ou yácatas, elevando-se à nossa frente eram redondas e únicas, feitas de pedra vulcânica — talvez as relíquias mais preservadas dos purépechas, um grupo indígena pré-colombiano que, um dia, reinou por aqui, mas que a maioria das pessoas desconhece. De fato, eu nunca havia ouvido falar deles até poucos meses atrás, quando descobri que sou descendente direta daquele povo.

Nascida e criada na Califórnia, nos Estados Unidos, eu cresci sem conhecer essa parte da minha herança, que se perdeu na minha família com a morte do meu avô em 1978. Minha avó ficou com cinco filhos e sem rendimentos. Mas, depois de muito economizar, ela levou meu pai e seus irmãos do México para os EUA em 1983.

Até que, em 2021, quando eu tinha 31 anos de idade, ele me trouxe para Michoacán pela primeira vez. Foi quando conheci meu tio Israel, que contou que não apenas somos purépechas, mas que minha bisavó, Juana, ainda estava viva e morava na pequena vila de Urén, perto dali.

Quando as pessoas pensam no México antes da chegada dos espanhóis, elas automaticamente pensam nos astecas. Mas o que elas não sabem é que os purépechas viveram na mesma época — e o seu reino era tão poderoso que eles foram um dos poucos grupos indígenas mexicanos que os astecas não conseguiram conquistar.

Na verdade, é isso que os mexicanos geralmente sabem sobre os purépechas, segundo Fernando Pérez Montesinos, professor de história ambiental indígena da Universidade da Califórnia em Los Angeles.

"É uma [forma] muito comum de referir-se aos purépechas e sua história, porque sabemos que os purépechas eram tão poderosos quanto os astecas", afirma ele, explicando que os astecas tentaram lutar contra os purépechas, mas não conseguiram derrotá-los.

Firme e forte em seu 1 metro e 40 centímetros de altura, minha bisavó purépecha é uma anciã na sua comunidade e mora em uma casa humilde e desgastada de paredes de cimento.

Ela fala o idioma nativo, um patrimônio ameaçado de extinção em um país onde a língua oficial é o espanhol. O México tem uma população estimada de 128,9 milhões de habitantes, dos quais 124,8 milhões — 97% — falam espanhol como língua nativa e apenas 175 mil falam purépecha, todos no Estado de Michoacán.

Firme e forte com 1 metro e 40 centímetros de altura, minha bisavó purépecha é uma anciã na sua comunidade e sabe falar seu idioma nativo, ameaçado de extinção


Conversando na cozinha da bisavó Juana, observei tudo o que podia: como ela cozinha sem eletricidade nem fogão; suas fileiras de pratos de barro; e o fosso de pedra profundo no meio do cômodo onde ela prepara uma enorme panela de nixtamal — sementes de milho processadas de forma específica para fazer tortillas.

Animada com o novo conhecimento sobre os meus ancestrais, perguntei a ela onde poderia aprender mais sobre minha herança purépecha. Ela mexeu a comida e lançou um olhar de autoridade para o meu tio, dizendo a ele em espanhol: "leve-a para Pátzcuaro".

No dia seguinte, estávamos na bacia do lago Pátzcuaro — eu, meu tio, tias e primos, observando maravilhados os monumentos que nossos ancestrais construíram em honra a divindades como o seu deus-sol, Curicaueri.

Entre o século 14 e o início do século 16, os purépechas dominaram o oeste do México, com uma população estimada de mais de um milhão de pessoas. Tzintzuntzan era a capital, onde vivia o irecha, o governante. Ao mesmo tempo, os astecas dominavam a região central do México, enquanto o império purépecha evitava que eles conquistassem os territórios ao norte e a oeste.

Click no link e leia matéria completa no BBC News Brasil

  • Por Stephanie Mendez
  • BBC Travel

Nenhum comentário: