O
Saco é do cacete
Em conversa de mesa de bar (tinha que ser num bar) com o meu amigo Ajurimar Simões (só podia ser Ajurimar) ele me falava da importância do saco escrotal no nosso dia a dia. Ele me falava da pouca atenção que dispensamos a essa parte fundamental do nosso corpo. E para provar o que afirmava, ele citou alguns exemplos. Mas antes, porém, é necessário fazer uma observação: O saco escrotal carrega as nossas “bolas”. Partindo desse princípio, vejamos como seria a nossa vida sem o saco:
Teríamos então que carregar nas mãos o seu conteúdo por onde quer que fossemos. Já imaginou as inconveniências e o constrangimento? O sujeito chega no bar, com os bagos na mão, e os deposita sobre a mesa enquanto bebe e conversa com os amigos. Alguém então pede tira-gosto de ovos de codorna cozidos. Lá pras tantas, todo mundo já meio “triscado”, vai-se lá saber o que é de codorna ou o que não é?
No
“baba” então, seria um perigo. Já é difícil dar uma carreirinha carregando um
ovo na colher, imagine correr, dar carrinho, entrar na dividida e chutar em
gol, com as duas bolas na mão? Não dá.
Como também não dá pra deixar na beira do campo. Um torcedor mais afoito vai
comemorar o gol, não olha onde pisa e... Paf! Lá se foram nossas bolas.
Pois
é meu amigo. O saco é tão importante, que até um presidente exclusivista, tinha
orgasmos em dizer que o dele era roxo. E sem o saco, que seria dos puxa-sacos?
Só restariam os baba-ovos, mas cá pra nós, ter o ovo babado já é um saco,
imagine ter o ovo babado sem a proteção do saco?
Uma
prova inequívoca da importância do saco é a proteção que dedicamos a ele nas
situações de risco. No futebol, por exemplo, o pessoal que fica na barreira na
hora da cobrança de falta põe as duas mãos pra proteger o fígado, o baço, a
cabeça? Não. Quando dois sujeitos estão brigando, onde é que vai o primeiro
pontapé?
Pois
é. Só os fabricantes de bicicletas, não sei se por sacanagem ou desinformação,
ainda não perceberam a importância do saco. Vejam que as bicicletas femininas
não têm quadro (bem que elas gostariam que tivesse) e as masculinas têm. Não é
uma sacanagem? Na hora que uma corrente quebra, a catraca falha ou o pé
desliza, onde é que vai bater o nosso saco? (ui).
E
as mulheres, que sabem das coisas, já nasceram com uma proteção natural ao nosso
saco. Veja que a parte mais macia delas é justamente aquela onde o saco bate à
vontade e os ovos não quebram.
Talvez
por isso, aquela velha senhora advertiu ao incauto que ia se assentando sobre
um embrulho colocado sobre o banco do ônibus:
-
Moço, cuidado com os ovos!
-
Desculpe minha senhora, não sabia que eram ovos.
-
Não são ovos. São pregos.
NE: Publicada no livro A Levada da Égua... & outras estórias (2004)
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