Porém, há muitos anos os interesses
pessoais têm falado mais alto, e o altruísmo do cidadão está em baixa. E não é
para menos, pois nos dias atuais, quem dá de si sem receber nada em troca, é
chamado de otário, idiota. Não faz muito tempo, Jodilton Souza, empresário bem
sucedido da área de Educação, quis por um momento dirigir o Fluminense de
Feira, seu time de coração. Foi vaiado e xingado, chamado até de ladrão, por
torcedores insuflados por seus desafetos, uma gente despeitada e incapaz, que
nada faz pelas coisas do município. Perdeu o Fluminense, que viu Jodilton
adquirir o Bahia de Feira, fazer o clube ascender à 1ª Divisão e dois anos
depois ser Campeão baiano. E para completar, o clube está com seu estádio quase
pronto. “Sorry, periferia”, diria Ibrahim Sued.
Agora, Feira de Santana corre o risco
de perder o campus da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), que atualmente
funciona no bairro SIM, nas instalações do antigo Serviço de Integração do
Migrante. O gabinete do reitor da UFRB publicou uma portaria constituindo uma
comissão composta por docentes e técnicos, que vão elaborar o edital público
para doação de terreno à UFRB. O edital levantará critérios para pontuação
desses terrenos, para que possam ser selecionados. Há a possibilidade de
pessoas de outros municípios enviarem propostas de doação.
A universidade não possui recursos para
compra de um terreno, mas sim para construção do campus. O Campus provisório no
SIM atenderá à demanda de alunos somente até 2016, uma vez que em 2017 serão
implantados novos cursos. Preocupados com a situação da UFRB em Feira,
representantes da universidade e do Instituto Pensar Feira se reuniram para
discutir a questão. No encontro, foram sugeridas como possibilidades de
avaliação as áreas das fazendas do ex-banqueiro Ângelo Calmon de Sá e do ex-governador
João Durval Carneiro.
O professor Evandro Oliveira, que
também faz parte do Pensar Feira, colocou o dedo na ferida, ao afirmar que “está
existindo uma briga política entre os governos municipal e estadual quanto à
implantação da UFRB em Feira. E é uma pena pois Feira pode estar perdendo o
campus da universidade porque há uma briga política entre os governos municipal
e estadual, um porque no convênio teria que dar o terreno e o outro teria que
dar a estrutura. E eu faço parte de um grupo que conseguiu três terrenos de
feirenses, mas o estado finca o pé por questão de falta de estrutura.
Eis então que aparece o deputado
federal Fernando Torres, falando em nome do seu irmão, empresário Osmar Torres
Filho, informando que poderia doar 50 tarefas, vizinho à fazenda de João Durval.
“A UFRB não pode sair de Feira de Santana e a gente vai trabalhar em função
disso”, disse ele. Essa atitude dos homens do Pensar Feira e dos Torres, deixa
no ar um novo alento de que nem tudo está perdido. Ainda existem pessoas
altruístas, dotadas de espírito público e demonstrando amor pelas coisas de
Feira, até mesmo entre aqueles que não nasceram no município.
Embora seja negada, a briga política
existe sim, por conta da proximidade das eleições municipais do próximo ano. A
cidade tem perdido muito com isso. Obras e ações que há muito já deveriam ter
acontecido, estão sendo constantemente barradas através de ações judiciais e
toda sorte de artifícios para prejudicar o governo municipal (vide BRT e
licitação de transportes públicos).
Porém, é necessário que se lembrem que
Feira de Santana tem um histórico oposicionista. Resistiu sempre à ditadura
militar e ao governador ACM, que queriam a todo custo tomar o poder na cidade.
E nem por isso a cidade deixou de crescer. O povo feirense conhece de cor o
discurso de que “para crescer, é preciso ter um prefeito alinhado com o
governador”. Pode até funcionar em outros municípios, mas não em Feira. Ela é uma cidade cosmopolita, e parafraseando
Galileu Galilei, eu digo que esta cidade “pur si muove”.
Cristóvam Aguiar
Nenhum comentário:
Postar um comentário