Tentado a sacar o smartphone diante de um
belo pôr do sol ou de um prato delicioso que acabou de chegar à mesa do
restaurante?
É óbvio que queremos documentar nossas
vidas e manter nossas lembranças acesas. Mas ante o uso generalizado de
smartphones com câmeras fotográficas e de novos aparelhos como o Narrative Clip
– capaz tirar fotos automaticamente a cada 30 segundos –, será que deveria
haver um limite?
Uma pesquisa recente realizada pela
psicóloga Linda Henkel, da Universidade Fairfield, nos Estados Unidos, indica
que a resposta é "sim". O trabalho sugere que tirar fotos pode de
fato prejudicar a capacidade de lembrar detalhes do acontecimento, apesar – e
por causa do – esforço de fotografar sem parar.
Durante o estudo, realizado no ano
passado, estudantes foram levados a uma visita guiada a um museu e incumbidos
de fotografar certas obras de arte – enquanto outras deveriam ser apenas
observadas.
No dia seguinte, quando testados, eles
conseguiam lembrar menos detalhes dos objetos que tinham fotografado. É o que
Henkel chama de "efeito prejudicial de tirar fotos".
"Estamos tratando a câmera como uma
espécie de drive externo de nossa memória", afirma a psicóloga.
"Temos a expectativa de que o aparelho vai se lembrar de coisas por nós e
que assim não precisamos continuar a processar aquele objeto. Por isso não
interagimos nem nos envolvemos com as coisas que nos ajudariam a lembrar
dele."
Henkel
reconhece, no entanto, que enquanto podemos atrapalhar nossa memória a curto
prazo, ter posse dessas fotos pode nos ajudar a lembrar de eventos no futuro.
Mais interessante ainda é o fato de que o
prejuízo para a memória diminuiu quando os estudantes tiveram que dar um zoom
em algum aspecto particular do objeto. Isso sugere que o esforço e a
concentração envolvidos na tarefa ajuda o processamento da memória. Ou ainda
que temos uma tendência maior a externalizar nossa memória quando a câmera
capta uma cena mais ampla.
"Isso faz sentido porque as pesquisas
científicas mostram que a dispersão da atenção é o maior inimigo da
memória", diz Henkel. (BBCBrasil)
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