segunda-feira, 14 de setembro de 2015

SÃO PAULO

Cito sempre,porque é a maior e mais rica cidade do País: mais uma temporada de chuvas na capital paulista - coisa que se repete todo ano certamente desde que ela foi fundada e mesmo desde muitíssimo antes na região - e os vergonhosos alagamentos de sempre. Entra prefeito, sai prefeito, e a portentosa metrópole "não consegue" resolver isso.Retrato de administrações, sejam de que partido for, que só cuidam de fachadas e factóides. E assim será, pelo visto, ad infinitum, neste país.

Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa miséria. (Machado de Assis)

O drama dos nossos refugiados internos
Chocantes,sem dúvida, as recentes imagens sobre a situação dos refugiados do Oriente Médio e do Norte da África em busca de futuro na Europa. Não há palavras para descrever o que têm passado diante do fascismo húngaro, por exemplo.
Todavia, se voltarmos o olhar para nossos umbigos, veremos que há uma horda de miseráveis no Brasil, bem à nossa volta, que se tornaram refugiados dentro do seu próprio país. Pelas imagens que vemos na TV em relação àqueles que buscam salvar suas vidas na Europa, podemos concluir claramente que eles se vestem melhor e aparentam ter mais saúde do que as centenas de milhares de adultos, adolescente e crianças que perambulam pelas ruas do Brasil, "vivendo" sob viadutos, destruindo-se no crack, roubando para comer ou simplesmente catando restos de comida no lixo e dormindo sob frio e chuva, além de serem alvo de constantes agressões, inclusive a Polícia.
Tudo isso sob a passividade de sucessivos governos,federais, estaduais e municipais, que fazem vista grossa para o problema, enquanto a multidão de miseráveis, ao contrário do que apregoam os atuais donos do poder e dos números certamente manipulados de organismos oficiais, só faz aumentar. A praga das drogas, notadamente o mortal crack, dissemina-se com uma facilidade que dispensa análises do STF sobre a liberação do uso de entorpecentes no Brasil. Um horror, que deveria nos chocar tanto quanto chocam as imagens dos refugiados.

Ainda sobre a miséria (I)
Quem vive trancado em escritórios ou palácios de governo certamente não tem a menor ideia do que é a vida real dos miseráveis neste País.
Aqueles que, como eu, costumam transitar pela cidade, enxergam nitidamente que a situação só piora, diante dos grupos cada vez maiores de maltrapilhos que vagam pelas ruas, muitos deles em busca de qualquer biscate para comprar pelo menos comida, já que são alijados de tratamento médico, diversão etc.]

Ainda sobre a miséria (II)
A absurda ineficiência de sucessivos governos - repito: federais, estaduais e municipais - para, REALMENTE, transformar esta realidade nos leva a crer que, em alguns casos, até se acham "beneficiados" com a mortandade pelo crack e pela fome, por exemplo. Miseráveis a menos, menos trabalho para a Polícia forjar "reações" e "trocas de tiros".
Aliás, enquanto problemas sociais deste tipo forem tratados tão-somente na base do fuzil e do cassetete policiais, o Pais continuará sendo esse poço de vergonha social.

Ainda sobre a miséria (III)
Mas não nos iludamos com a possibilidade de surgir um mínimo de sensibilidade sincera, por parte do governos, em relação à situação. Isso é histórico e, hoje, a miséria, o tráfico de drogas e a violência absurda espalham-se vertiginosamente, inclusive nas barbas do governo federal, no entorno do"oásis" chamado Brasília.
De mais a mais, essa multidão de párias alimenta discursos populistas nojentos, de gente que não se cansa de falar em nome "dos pobres" para ganhar votos.
Sem pobres e miseráveis, aliás, de que viveriam políticos e igrejas? Ai, ai...

Nenhum comentário: