A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou nesta quarta-feira (11/03) que está em curso uma pandemia do novo coronavírus.
"Pandemia
não é uma palavra para ser usada à toa ou sem cuidado. É uma palavra
que, se usada incorretamente, pode causar um medo irracional ou uma
noção injustificada de que a luta terminou, o que leva a sofrimento e
mortes desnecessários", afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus,
diretor-geral da OMS.
"A descrição da situação como uma pandemia
não altera a avaliação da OMS da ameaça representada por esse vírus.
Isso não muda o que a OMS está fazendo nem o que os países devem fazer
", afirmou Ghebreyesus.
Desde 31 de dezembro, quando a China informou a OMS que um vírus
até então desconhecido estava se espalhando pelo país, ele já chegou a
114 países. Segundo o último boletim da organização, foram registrados
mais de 118 mil casos e 4.291 mortes.
A escalada do surto
originado na cidade chinesa de Wuhan e a velocidade com que o
Sars-cov-2, como é chamado oficialmente o novo coronavírus, se espalhou
pelo mundo impressionam, mas isso não é exatamente surpreendente em um
mundo globalizado.
Outro
aspecto torna mais preocupante esta evolução. Inicialmente concentrado
na China, o vírus já passou a se reproduzir localmente em dezenas de
países.
Segundo o diretor-executivo do programa de emergências da OMS, Michael Ryan, a "declaração de uma pandemia não é como a de uma emergência internacional". "É uma caracterização ou descrição de uma situação, não é uma mudança na situação", disse Ryan.
O termo é usado para descrever uma situação em que uma doença infecciosa ameaça muitas pessoas ao redor do mundo simultaneamente.
Uma das pandemias mais graves já enfrentadas ocorreu entre 1918 e 1920. Estima-se que 50 milhões de pessoas tenham morrido na pandemia da gripe espanhola, mais do que os 17 milhões de vítimas, entre civis e militares, da 1ª Guerra Mundial.
O exemplo mais recente foi a disseminação global do vírus influenza H1N1, que causou a pandemia da gripe suína, em 2009. Especialistas acreditam que ele tenha infectado milhões de pessoas e matado centenas de milhares.
Mas uma pandemia não se caracteriza pela gravidade da doença que ela causa. "O principal fator é o geográfico, quando todas as pessoas no mundo correm risco", diz Ritchmann.
Pandemias são mais prováveis com novos vírus. Como não temos defesas naturais contra eles ou medicamentos e vacinas para nos proteger, eles conseguem infectar muitas pessoas e se espalhar facilmente e de forma sustentada.
"A infecção endêmica está presente em uma zona de maneira permanente, em todo momento durante anos e anos", afirmou.
Por outro lado, uma epidemia é um "aumento de casos seguido de um ponto máximo e, depois, uma diminuição".
É o que ocorre nos países onde se registram epidemias de gripe a cada ano: no outono e no inverno aumentam os casos, chega-se a um máximo de infecções, e depois diminuem.
Por último, a pandemia é uma epidemia que ocorre "em todo o mundo mais ou menos ao mesmo tempo".
No fim de janeiro, a organização reuniu por duas semanas seguidas seu comitê de emergência para avaliar se havia uma situação de emergência de saúde pública de interesse internacional.
Após a primeira reunião, disse que ainda era cedo para isso, mas, após a segunda, reconheceu que a disseminação internacional do Sars-Cov-2 representava um risco para outros países e exigia uma resposta global coordenada.
Naquele momento, o diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, afirmou que a transmissão local fora da China e um receio sobre o impacto do coronavírus sobre países com sistemas de saúde mais frágeis levou àquela decisão.
Ao afirmar que estamos diante de uma pandemia, a OMS
sinaliza que é hora de passar para a fase de mitigação, ou seja, deixar
de se concentrar na detecção de novos casos e adotar medidas para
tratar os pacientes em estado mais grave e evitar mortes.
Mas, antes disso, a organização precisa garantir que terá como apoiar os países mais pobres na ações necessárias para isso, diz o infectologista Marcos Boulos, do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
A organização também tem sido cuidadosa diante da evolução do novo coronavírus porque foi bastante criticada por ter considerado a disseminação da gripe suína uma pandemia, três meses após ela eclodir no México.
Isso gerou uma corrida global para a compra de medicamentos e outros insumos para combater o vírus H1N1, que, depois, se mostrou menos letal do que se esperava.
A OMS estima que 3,4% dos pacientes morrem por causa da covid-19, a doença causada por este vírus. Este índice foi recentemente revisado para cima pela organização, que antes apontava uma taxa de letalidade de cerca de 2%.
Ainda assim, é uma proporção bem menor do que a registrada nos surtos de coronavírus da Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars, na sigla em inglês) e da Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers, na sigla em inglês), em que 10% e 35% dos pacientes morreram, respectivamente. (BBC News Brasil)
Segundo o diretor-executivo do programa de emergências da OMS, Michael Ryan, a "declaração de uma pandemia não é como a de uma emergência internacional". "É uma caracterização ou descrição de uma situação, não é uma mudança na situação", disse Ryan.
O que é uma pandemia?
A humanidade enfrenta pandemias desde ao menos 1580, quando um vírus do tipo influenza, que causa gripes, surgiu na Ásia e se espalhou para a África, Europa e América do Norte.O termo é usado para descrever uma situação em que uma doença infecciosa ameaça muitas pessoas ao redor do mundo simultaneamente.
Uma das pandemias mais graves já enfrentadas ocorreu entre 1918 e 1920. Estima-se que 50 milhões de pessoas tenham morrido na pandemia da gripe espanhola, mais do que os 17 milhões de vítimas, entre civis e militares, da 1ª Guerra Mundial.
O exemplo mais recente foi a disseminação global do vírus influenza H1N1, que causou a pandemia da gripe suína, em 2009. Especialistas acreditam que ele tenha infectado milhões de pessoas e matado centenas de milhares.
Mas uma pandemia não se caracteriza pela gravidade da doença que ela causa. "O principal fator é o geográfico, quando todas as pessoas no mundo correm risco", diz Ritchmann.
Pandemias são mais prováveis com novos vírus. Como não temos defesas naturais contra eles ou medicamentos e vacinas para nos proteger, eles conseguem infectar muitas pessoas e se espalhar facilmente e de forma sustentada.
Diferença entre pandemia, epidemia e endemia
Rosalind Eggo, acadêmica especialista em doenças infecciosas na Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, explicou à BBC a diferença entre epidemia, pandemia e endemia."A infecção endêmica está presente em uma zona de maneira permanente, em todo momento durante anos e anos", afirmou.
Por outro lado, uma epidemia é um "aumento de casos seguido de um ponto máximo e, depois, uma diminuição".
É o que ocorre nos países onde se registram epidemias de gripe a cada ano: no outono e no inverno aumentam os casos, chega-se a um máximo de infecções, e depois diminuem.
Por último, a pandemia é uma epidemia que ocorre "em todo o mundo mais ou menos ao mesmo tempo".
OMS agia com cautela diante do novo coronavírus
A OMS vinha sendo cautelosa em confirmar oficialmente a pandemia.No fim de janeiro, a organização reuniu por duas semanas seguidas seu comitê de emergência para avaliar se havia uma situação de emergência de saúde pública de interesse internacional.
Após a primeira reunião, disse que ainda era cedo para isso, mas, após a segunda, reconheceu que a disseminação internacional do Sars-Cov-2 representava um risco para outros países e exigia uma resposta global coordenada.
Naquele momento, o diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, afirmou que a transmissão local fora da China e um receio sobre o impacto do coronavírus sobre países com sistemas de saúde mais frágeis levou àquela decisão.
Por que a OMS demorou a declarar uma pandemia?
Declarar uma pandemia significa dizer que os esforços para conter a expansão mundial do vírus falharam e que a epidemia está fora de controle.![]() |
Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, disse que declaração de pandemia não muda ações da OMS sobre o novo coronavírus |
Mas, antes disso, a organização precisa garantir que terá como apoiar os países mais pobres na ações necessárias para isso, diz o infectologista Marcos Boulos, do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
A organização também tem sido cuidadosa diante da evolução do novo coronavírus porque foi bastante criticada por ter considerado a disseminação da gripe suína uma pandemia, três meses após ela eclodir no México.
Isso gerou uma corrida global para a compra de medicamentos e outros insumos para combater o vírus H1N1, que, depois, se mostrou menos letal do que se esperava.
Vírus é menos letal, mas causa pânico
O novo coronavírus apresenta um grande potencial de transmissão, mas parece ser menos letal do que aqueles por trás de outras duas epidemias nas últimas duas décadas.A OMS estima que 3,4% dos pacientes morrem por causa da covid-19, a doença causada por este vírus. Este índice foi recentemente revisado para cima pela organização, que antes apontava uma taxa de letalidade de cerca de 2%.
Ainda assim, é uma proporção bem menor do que a registrada nos surtos de coronavírus da Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars, na sigla em inglês) e da Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers, na sigla em inglês), em que 10% e 35% dos pacientes morreram, respectivamente. (BBC News Brasil)
Nenhum comentário:
Postar um comentário