quarta-feira, 2 de maio de 2012

Antonio Miranda lança “Desclassificado” em Feira


Fugir dos rótulos, propondo o diálogo entre estilos musicais. Esta é a proposta do cantor e compositor Antonio Miranda em seu novo álbum, Desclassificado. O show de lançamento em Feira de Santana acontece esta quinta-feira (3), a partir das 8:00 da noite, no Teatro da CDL. A entrada será 1 kg de alimento não perecível (o artista fará doação para entidade beneficente de Feira).

Miranda apresenta ao público as 13 músicas que compõem Desclassificado – dez próprias e três feitas com o parceiro Paulo Costa. “Desclassificado porque transita por diversos ritmos e estilos e não se prende a nenhum deles, praticando um exercício de liberdade musical”, declara o compositor.

Dessa forma, o repertório reúne canções como “Água no Fogo”, uma espécie de tango nordestino; e “Na Janela”, onde a viola caipira dialoga com o bandolim – tocado como se fosse uma guitarra portuguesa –, pelas mãos de Júlio Caldas e Armandinho Macêdo, respectivamente. Além deles e do samba de roda de Dona Dalva, o disco conta com a participação dos cantores Xangai e Dico Mendes, africano de São Tomé e Príncipe.

O show também terá um gostinho especial para Miranda e para aqueles que movimentavam a arte cênica em Feira de Santana a partir da década de 1960. Sobem ao palco quatro atores que com ele integraram a Sociedade Cultural e Artística de Feira de Santana (SCAFES) – Luciano Ribeiro, Raimundo Pinto, Alvaceli Ramos e Geraldo Lima. Os atores vão interagir com o cantor, dialogando com o repertório e com a plateia.

O disco estará sendo vendido no local e ao término do show, Miranda autografará para o público.

Mosaico – Da bossa nova ao samba, passando pelo rock, Desclassificado apresenta canções que comumente não se visitam. “A música que dá título ao álbum, por exemplo, vai do pagode ao arrocha, passando pelo samba-reggae, se encontra com o samba carioca e visita também a bossa nova”, ressalta Miranda.

A partir da mistura apresentada pelo artista, surge a pergunta: de onde vem a influência? “Tudo o que passou pelos meus ouvidos, sem preconceito. Mas é claro que minhas preferências estão nos grandes mestres: Dorival Caymmi, Luiz Gonzaga, Noel Rosa, João Gilberto, Cartola, Batatinha, Elvis Presley, Beatles, Bob Dylan, Caetano Veloso, Gil, Tom Zé, Gordurinha, Jackson do Pandeiro e por aí vai”, conta.

Interativo, Desclassificado possibilita o seu entendimento já no encarte, ao demonstrar as diversas faces que se formam, em uma espécie de mosaico. Com produção dele próprio (também reconhecido e premiado publicitário), direção musical de André Tiganá e projeto gráfico de Daniel Kalil, o trabalho conta com o apoio do Grupo Aldeia, através da Quality Cultural; da Prefeitura de Feira de Santana, pelo programa Pro Cultura Esporte; e da Norauto Veículos.

Sobre o artista – Antonio Miranda está na estrada desde os tempos do LP. Em 1967, participou do primeiro festival de música realizado na Bahia, conquistando o 1º lugar, em parceria com Antonio Renato Froes (Perna). O júri era formado por Caetano Veloso, Gilberto Gil, José Carlos Capinan, Carlos Coqueijo e Vinicius de Moraes. A música foi interpretada por Sue Saphira, acompanhada pelos quartetos Canto 4 e Momento 4, que tinha entre seus componentes Moraes Moreira.

Participou de várias edições da Feira Permanente de Música Popular Brasileira da TV Tupy, em São Paulo, sagrando-se sempre como finalista, com músicas surpreendentes. Uma delas, “Zero Zero Nada Nada” – que hoje integra o álbum Desclassificado – só continha números na letra e teve arranjo inicial do maestro Rogério Duprat.

É dessa época, fim da década de 60, a sua convivência musical com Paulinho da Viola, cuja composição “Foi um Rio que Passou em Minha Vida” conquistou o primeiro lugar no festival em que “Zero Zero Nada Nada” obteve o segundo.

Profissionalmente, Miranda decidiu trilhar os caminhos da produção cultural, publicidade e propaganda – sem, entretanto, abandonar a criação musical. Entre seus parceiros mais recentes está Paulo Costa, baiano radicado na França. As músicas de Antonio Miranda, gravadas por ele, foram executadas nas rádios do Japão, Bélgica, França e Alemanha.

Com toda essa vivência, Miranda só fez o primeiro registro fonográfico de sua obra há três anos: Catálogo de Canções. O álbum contou com a participação de Renato Teixeira, Alexandre Leão, Paulo Costa e Márcio Souza.

Texto: Linéia Fernandes. Fotos  divulgação.

Nenhum comentário: